Os Jogos Pan-Americanos 2019 começaram nesta quarta-feira (24), e para a família Meligeni, esta edição terá um gostinho especial. Comemorando16 anos de sua medalha de ouro, Fernando vê sua sobrinha Carol ser convocada para representar o Brasil em Lima, no Peru.
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Assim como o tio, Carolina Meligeni também é tenista, e representará o esporte lutando por uma medalha junto a mais cinco tenistas brasileiros. Outra semelhança entre os dois é o estilo de jogo sempre aguerrido, que desta vez será sentido também das arquibancadas.
"A torcida pra Carol vai ser gigantesca, estou tentando ir assisti-la, e lógico, a torcida vai ser totalmente diferente. Quando você torce para o Brasil ou alguém, você torce de uma maneira diferente. Torcer para um familiar é totalmente inusistado e maluco, a sensação é muito louca", disse Fernando Meligeni
em entrevista ao iG Esporte
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"Nunca torci para um familiar meu em um campeonato tão importante quanto o os Jogos Pan-Americanos, que tem tanta lembrança quanto tem pra mim. Espero que ela consiga seu melhor, jogue o melhor possível e conquiste seus sonhos. Sem pressão, mas com muita alegria e vontade de estar lá torcendo pra ela".
O ouro em Santo Domingo
Há 16 anos, em 10 de agosto de 2003, o "Fino", como é conhecido Meligeni, vencia Marcelo Rios após quase três horas de uma partida muito emocionante, que permanece viva na memória de muitos brasileiros. O jogo marcou também a sua despedida das quadras.
"A emoção é diferente, hoje é muito mais de orgulho e lembrança. O que mais me impressiona é que 16 anos se passaram e tanto se fala ainda da minha conquista. As pessoas ainda têm na memória aquele jogo. Isso é muito legal. O carinho das pessoas e a lembrança desse jogo são o que mais me chamam a atençaõ e me deixam feliz", conta o tenista
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Maior conquista da carreira?
Apesar do ouro nos Jogos Pan-Americanos ser o feito mais lembrado de sua carreira por muitos, Meligeni, que permaneceu 10 anos entre os 100 melhores tenistas do mundo, aponta outra campanha, que não terminou com título, como a mais importante de sua trajetória no tênis.
"As pessoas deram uma importância gigantesca ao Pan
, e eu respeito muito isso, mas 'tenisticamente' falando eu botaria a semifinal de Roland Garros, um torneio onde poucos caras conseguem chegar entre os quatro melhores e imaginar que você esteve lá em 1999, ganhando de um monte de cara bom, acho que foi minha maior conquista da carreira", revelou.
Tênis brasileiro na atualidade
Questionado sobre a ausência de grandes nomes brasileiros no cenário mundial, Meligeni valorizou o cearense Thiago Monteiro e a paulista Beatriz Haddad, mas criticou o tratamento recebido pelo tênis no país.
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"A gente tem que tomar um pouco de cuidado ao falar que não tem nenhum representante. Temos dois jogadores entre os 100 melhores do mundo.No Brasil a gente não dá a devida importância, mas ser 100 do mundo é um resultado muito bom. Lógico que a gente se acostumou mal porque a gente teve grandes nomes, principalmente com o Guga sendo o número 1 do mundo, mas a gente sabe que não é o normal".
"A respeito de base, pra ter mais jogadores, a gente tem que mudar a nossa maneira de fazer tênis no Brasil, é uma coisa mais incrustrada no problema do que é o esporte no Brasil, do que apenas o tênis. Os outros esportes não são tratados da maneira que deviam. Hoje a gente tem também um grande dificultador que é o dólar a quatro reais e o euro a cinco. Isso para um jogador de tênis do Brasil, que viaja o tempo inteiro, não é fácil", ressaltou o tenista.
Projetos para o esporte
No projeto "Bate bola com o tênis brasileiro", Meligeni recebe semanalmente dois jogadores para sessões de treinos sem custo aos jogadores, em sua maioria juvenil e em transição para o profissional, onde transmite sua experiência, dá informações aos atletas e promove o debate com os técnicos e jogadores após as horas de “ralação”.
Além disso, o tenista está lançando um livro em que tenta responder a maior quantidade de perguntas que todo jogador já se fez ou se faz muitas das vezes que está em quadra. Com uma linguagem simples e objetiva para que todos os públicos possam desfrutar das observações, o livro é focado em todos aqueles que adoram praticar o esporte, de vez em quando, iniciantes na carreira ou ainda que almejam uma carreira profissional.
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"Não é facil ser tenista, muito menos no Brasil. A minha ideia de desenvolver, de ajudar, é simplesmente por ajudar. Eu acho que o ídolo tem que se aproximar das pessoas. É muito legal receber tapinhas nas costas, obrigados e parabéns, mas ao mesmo tempo você tem uma responsabailidade com tudo que conquistou, com tudo que te ajudaram, e eu tenho muito claro que quando for embora deste mundo quero ter entregado para as pessoas a minha experiência, nao quero ir embora com ela, e se isso ajudar a desenvolver o tenis, vou ficar muito feliz", disse Meligeni
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