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Filha nasceu prematura no fim de novembro e ainda está na UTI; atleta conta como foi o processo antes de revelar e também como tem sido após dar à luz

A norte-americana Allyson Felix já disputou quatro vezes os Jogos Olímpicos (2004, 2008, 2012 e 2016) e subiu ao pódio nove vezes, sendo seis no lugar mais alto. Uma dessas vezes, por sinal, foi nas Olimpíadas do Rio, quando integrou a equipe campeã do revezamento 4x100m rasos.

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Allyson Felix, primeira à esquerda, com sua equipe do revezamento 4x100m rasos após conquistar medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio
Divulgação
Allyson Felix, primeira à esquerda, com sua equipe do revezamento 4x100m rasos após conquistar medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio

Os últimos resultados da campeã , no entanto, não estavam condizendo com uma atleta que deseja estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Em junho, ela correu os 400m entre os 51s e 52s, bem acima dos 49s51 que lhe rendeu a prata no Rio 2016 e foi aí que ela fez uma revelação aos treinadores.

"Meu técnico, Bobby Kersee, conversou comigo a respeito de encerrar a temporada. Meu irmão e empresário, Wes Felix, queria ter a certeza de que eu não estava machucada", disse a velocista ao site da ESPN . "Tinha chegado a hora de contar a eles o que estava acontecendo: eu estava grávida".

No início de junho, a atleta estava com oito semanas de gestação e, por isso, não tinha razão para contar antes, a exemplo da tenista Serena Williams.

"Eu pensei que poderia manter a notícia para mim e para meu marido, Kenneth, por um pouco mais de tempo. Que eu continuaria vencendo corridas, desde que treinasse duro. Quero dizer, Serena Williams venceu o Aberto da Austrália (de 2017) no começo de sua gravidez . Se eu tivesse bastante força de vontade, eu poderia fazer a mesma coisa", revelou.

Ao completar 33 anos, em 18 de novembro, a velocista publicou em seu Instagram uma foto sua com um texto, onde ela, finalmente, tornou pública a informação que estava grávida .

"Chegando aos 33 anos mais corajosa, mais forte e mais empoderada. Aprendendo que está tudo bem você se permitir ser vulnerável. Criando espaço para ser eu, amando a jornada na qual estou e a mulher que estou me tornando. Apaixonada pela minha construção", afirmou.

"Sem desculpas para os grandes objetivos que eu ainda tenho que cumprir - independente de quem ainda acredita em mim. Compreendendo de onde vêm meus valores, mesmo que este mundo me force a precisar de um lembrete. Experimentando o amor de Deus como nunca antes. Abraçando o próximo capítulo e acreditando de verdade que será meu melhor", completou.

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Após revelar ao mundo sua gravidez, Allyson Felix conta que passou a pensar mais em si e em curtir os próximos meses com o marido até que seu primeiro bebê vir ao mundo.

"Eu esperava que minhas experiências pudessem ajudar outras mulheres que estivessem preocupadas - como eu mesma estive por muitos anos - sobre o que o começo de uma família poderia significar para suas carreiras. Que elas soubessem que eu também tenho aquelas sensações de ansiedade por dividir a notícia com meu empregador, e as repercussões que eu poderia encarar", contou.

"Então, eu comecei a documentar tudo. A fazer vídeos de quando meu marido e eu descobrimos a gravidez em maio, de como eu me senti em minha última corrida em julho, quando já estava com quatro meses de gestação, as maneiras que encontrei para continuar treinando, de forma que meu corpo se recuperasse rapidamente após o incrível parto natural que eu planejava ter em janeiro", acrescentou Allyson.

Acontece que durante exames de rotina durante a gestação, Alysson começou a perceber coisas anormais e, com 32 semanas, após mais um exame, a médica decidiu mandar a atleta para um hospital. "Na mesma hora, eu liguei para meu marido, para que ele soubesse que era sério. Ele precisava deixar o trabalho para correr para o hospital", ponderou.

"Quando eu cheguei ao hospital, eu percebi rapidamente que algo estava muito errado. Minha pressão sanguínea estava muito alta. Os batimentos cardíacos do bebê estavam desacelerando. Era perigoso para nós dois e, se a situação não melhorasse logo, eu teria que dar à luz em uma cesariana de emergência dentro de 48 horas".

Camrym nasceu no dia 28 de novembro com 1,55 kg e 40,6 cm e foi levada diretamente para uma UTI neonatal. Por conta do nascimento prematuro, Allyson pouco podia ver a filha. Em seu quarto, praticamente não dormia.

"Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Honestamente, ainda não consigo. Provavelmente, vou precisar de anos para processar tudo que aconteceu e o que isso significa. Mas neste momento, estou feliz que minha filha esteja OK. Ela ainda vai ficar na UTI neonatal por algum tempo, mas ela está bem e eu sou muito grata por isso", relatou.

A velocista conta ainda que o momento de visita à filha é sempre difícil. "Os monitores estão sempre bipando. Os pais estão no limite. Às vezes, bebês muito novos simplesmente param de respirar e precisam descobrir sozinhos como começar de novo. Aqueles bebês estão lutando pela vida a cada segundo do dia. Mas eles estão buscando um caminho adiante, e isso é muito inspirador", contou.

Quase um mês após o nascimento de sua primeira filha, a atleta diz acreditar que existiu uma razão para tudo ter acontecido e que prefere agradecer pelo fato de Camrym estar saudável.

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"Ainda há uma parte de mim que tenta buscar um porquê para o que tem acontecido. Mas, honestamente, acho que Deus tem um propósito, mesmo que eu não possa vê-lo ou compreendê-lo no momento. Sou muito grata porque minha filha parece ok. Não quero perder tempo sendo negativa", finalizou a campeã olímpica.

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