
Na última quinta-feira (18) um áudio com teor racista do conselheiro do Santos Adilson Durante Filho, também conhecido como Adilsinho, vazou na internet e revoltou os torcedores do Peixe.
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Na gravação, Adilson conversa com um amigo chamado Caco e explica que ele deve desconfiar de todo pardo. “Essa cor é a mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade, isso é estudo. Todo pardo/mulato você tem que tomar cuidado. São todos mau caráter, não tem um que não seja”, diz o conselheiro do Santos .
Logo após o primeiro perfil divulgar o áudio de 55 minutos de Adilson, a publicação viralizou nas redes sociais e os torcedores levantaram a hashtag #ExpulsaORacista pedindo a demissão do conselheiro.
No mesmo dia, o ex-diretor da base do clube divulgou um comunicado assumindo a autoria da gravação. Ele disse que o áudio era de ‘alguns anos atrás’. “Em um momento de infelicidade e levado pela emoção, em decorrência de um fato que muito me abalou, acabei me expressando de forma absolutamente diversa das minhas crenças e modo de agir”.
Adilson Durante Filho disse que se manifestou em um ‘pequeno grupo de supostos amigos de WhatsApp’ e pediu desculpas por ter ofendido alguém.
Ainda na quinta-feira, o Santos FC se pronunciou com uma nota oficial em suas redes sociais reiterando que desde os anos 60 é uma instituição que combate o racismo e citou Pelé, Pepe, Coutinho e Zito como símbolos do clube que é “produto da miscigenação”.
No sábado (20) pela manhã, Adilson protocolou no Conselho Deliberativo seu pedido de renúncia da função de conselheiro para o triênio de 2018/20 e o afastamento definitivo do quadro associativo, porém seu nome continua na lista do Conselho no site oficial do Santos FC.
O jornalista Lucas Musetti, setorista do Santos na Gazeta Esportiva, publicou no domingo (21) que alguns conselheiros do clube pensam em protocolar um requerimento para a expulsão de Adilson impedindo que ele pleiteie uma nova associação a médio prazo.
O requerimento poderia ser baseado no descumprimento do Artigo 03 do Código de Ética e Conduta do clube em que diz ser um dos deveres dos destinatários “respeitar e prover a diversidade e combater todas as formas de preconceito e discriminação em consequência de raça, cor de pele, nacionalidade, posição social, idade, religião, sexo, estética pessoal (...) ou qualquer outro fator de diferenciação individual”.
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De acordo com o Artigo 20 do Regimento Interno do Santos, para que o Conselho Deliberativo apure responsabilidade de qualquer membro é imprescindível que no mínimo 20 (vinte) membros do Conselho solicitem a investigação.
Com o pedido acatado, o caso passa para a Comissão de Inquérito e Sindicância que tem até 30 dias para apresentar um parecer, tempo que Adilson teria para apresentar uma defesa.
Porém, segundo Musetti, nem todos os conselheiros estão convencidos da solicitação e até a edição desta matéria (terça-feira) nenhum documento foi apresentado à secretaria social.
Adilson Durante Filho faz parte do quadro de Conselheiros Eleitos e é filho de Adilson Durante, Conselheiro Efetivo do clube (membro com sete mandados consecutivas ou com mais de 20 anos de atuação na instituição).
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Diretor das categorias de base entre 2002 e 2009, Adilson Filho era secretário-adjunto de Turismo na Prefeitura de Santos desde 2013 e foi afastado pelo prefeito Alexandre Barbosa (PSDB) que se declara afrodescendente. A remuneração de 19.000 ficará suspensa enquanto durar a licença de Adilson.