Diagnosticado surdo aos dois anos, Lee Duck-hee nasceu em Jecheon, na Coréia do Sul. Hoje, aos 18, o jovem tenista ocupa a 148ª colocação no ranking da ATP e vem quebrando barreiras, já que nenhum outro atleta com deficiência auditiva tinha antes alcançado este número.
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No ano passado, Duck-hee iniciou a temporada em 229º lugar do ranking e chegou a atingir a 143ª colocação, sua melhor na carreira. "Em primeiro lugar quero entrar no top 100. Também quero ser campeão de um challenger e ganhar um jogo na chave principal de um Grand Slam", declarou o tenista à "Folha de S. Paulo".
Com 10 títulos no circuito jovem da ATP, começou a praticar tênis aos 5 anos de idade, quando viu um primo jogando e se interessou pelo esporte. "Meu primo me deu a raquete, tentei alguns batidas e gostei", relatou Duck-hee ao "The New York Times".
Os pais então, levaram a escolha à sério e apostaram no jovem garoto. "Quando nos encontramos com o treinador, avisamos que não estávamos por diversão e que sim, queríamos fazer a carreira de Duck e criar um futuro", conta Park Mi-ja, mãe do atleta.
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Aos 4 anos, Duck-hee foi matriculado em uma escola para deficientes físicos e também frequentava uma escola regular no período da tarde. "Eu queria que ele se integrasse no mundo real", disse a mãe. "Quando eu via alguns alunos mais velhos na escola de surdos, eles só sabiam a língua dos sinais. Para pegar um ônibus e se comunicar com o motorista, por exemplo, eles precisavam escrever. Desse jeito, as chances de conseguir um emprego ficam limitadas para alguém que só fala em libras".
Depois de alguns anos, Duck-hee largou completamente a escola para surdos. Além disso, seus pais nunca quiseram que ele aprendesse a linguagem dos sinais.
S om
Dentro de quadra, apesar de não ouvir, Duck-hee pode sentir as vibrações da bolinha e desafia as teorias do tênis, esporte no qual ouvir a bola é considerado de extrema importância.
Tenistas declaram que, ouvir o barulho da bola os permitem reações mais rápidas. E no tênis, uma fração de segundo pode fazer diferença.
Quando a bolinha entra em contato com a raquete, há a possibilidade de diversos sons. "Mas como o jogador surdo não conhece este som, ele tem que focar muito mais no que a outra pessoa está fazendo. Como eles estão fazendo o contato e como a bola vem através da rede", disse a técnica da equipe americana de tênis para surdos, Karie Mancebo.
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Estudos ainda demonstram que os seres humanos reagem mais rapidamente a estímulos auditivos do que visuais. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Americano de Saúde, o tempo médio de uma reação a um estímulo visual é de 180-200 milissegundos, enquanto o estímulo auditivo fica em 140-160 milissegundos.
Em 1993, no United Open, a já aposentada Martina Navratilova culpou o barulho de aviões que passavam ao redor. A tcheca alegou que o som das aeronaves interferiu em seu jogo. "Você realmente precisa ouvir a bola ser atingida pela raquete", disse Martina. "Você tem reações de velocidade e movimento de acordo com o som. E quando você não ouve o som da bolinha, isso realmente te atrapalha", continuou.
Andy Murray também defende a importância do som. "Usamos nossos ouvidos quando jogamos, não são apenas os olhos", disse. "Isso nos ajuda a pegar a velocidade da bola, o movimento e o quão forte alguém está batendo", relatou o inglês.
No entanto, Duck-hee afirma que não ouvir durante os jogos pode ser um privilégio. "Eu sinto que estou em vantagem, porque eu posso concentrar mais que os outros jogadores", concluiu o tenista.