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Termo de Convivência da Confederação Brasileira tem nove páginas com obrigações e responsabilidades recíprocas entre atletas e treinadores

Caio Silva e Arthur Zanetti assinam documento que luta contra assédio na ginástica artística
Ricardo Bufolin/CBG
Caio Silva e Arthur Zanetti assinam documento que luta contra assédio na ginástica artística

O Campeonato Mundial de Ginástica Artística, disputado em Doha (Qatar), chegou ao fim no último fim de semana. Além da medalha de Arthur Zanetti nas argolas , todos os atletas e treinadores da seleção brasileira tiveram uma grande conquista.

No intervalo das competições, os atletas assinaram um Termo de Convivência da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica). Esse documento faz parte do trabalho que está sendo desenvolvido pela Confederação a fim de esclarecer e prevenir o assédio na ginástica artística .

O Termo de Convivência é um documento de nove páginas com obrigações e responsabilidades recíprocas entre atletas e treinadores, através de regras de convívio que visam proteger a integridade dos ginastas.

Além dos atletas e treinadores da ginástica artística, quem também assinou o documento foi a presidente da comissão de atletas da CBG, Natália Gáudio e sua treinadora, Monika Queiroz. Futuramente, ele se estenderá para os demais atletas de ginástica artística, rítmica, trampolim, aeróbica, acrobática e ginástica para todos, inclusive com os participantes dos campeonatos nacionais.

“Esse é mais um grande passo da CBG na execução do seu Programa de Prevenção e Combate ao Assédio. Estamos estudando e aplicando medidas para contribuirmos cada vez mais com toda sociedade junto a este tema.", afirmou Luciene Resende, presidente da CBG.

Para Natália Gáudio, atleta olímpica da ginástica rítmica, a criação do Termo de Convivência tem uma importância fundamental. “Se não houver uma relação respeitosa e adequada dentro do ginásio entre técnico e ginasta, nada dá certo, porque é de extrema importância que exista uma convivência harmoniosa, com respeito e valores. Dependemos disso para ter uma união forte e que cresça juntos”.

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A atleta elogiou a Confederação “A iniciativa em criar este Termo de Convivência foi ótima. A conivência harmoniosa com seu técnico é essencial para que o atleta chegue muito longe”, afirmou Natália.

Veja quais as principais ações que a CBG vem realizando ao longo deste ano na prevenção e combate ao assédio moral e sexual

Janeiro de 2018 – Ação em conjunto com o COB um seminário de ginástica artística para tratar de vários aspectos neste ciclo olímpico, além de uma palestra sobre assédio, comandada pelo assessor jurídico da CBG, Paulo Schmitt.

Março de 2018 – Criação do Código de Ética e assinatura do Termo de Cooperação contra Assédio Moral e Sexual no esporte com o Ministério Público do Trabalho, como forma de combate a práticas abusivas contra ginastas.

Maio de 2018 – Criação do Comitê de Ética e Integridade da CBG. No mesmo mês, a CBG e Ministério Público do Trabalho lançam cartilha de combate ao assédio e abusos do esporte, além de um canal exclusivo de ética e integridade no site da entidade.

Junho/Julho de 2018 – CBG inicia ciclo de palestras sobre o tema.

Agosto de 2018 – CBG é absolvida pelo Conselho de Ética do COB (Comitê Olímpico do Brasil), ao considerar que ela não foi omissa em relação aos supostos casos de abuso sexual cometidos contra ginastas.

Combate ao assédio na Ginástica Artística dos EUA

Larry Nassar, médico da ginástica nos EUA, é acusado de abusar de mais de 100 ginastas
Reprodução
Larry Nassar, médico da ginástica nos EUA, é acusado de abusar de mais de 100 ginastas

No início do mês de novembro, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos anunciou o descredenciamento da federação de ginástica do país (USA Gymnastic). A decisão é uma retaliação do escândalo sexual divulgado no ano passado e protagonizado pelo médico Larry Nassar que abusou de mais de 100 ginastas.

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Segundo a CEO do Comitê Olímpico, Sarah Hirshland, os atletas da ginástica artística “merecem algo melhor” e que a Federação não tem apresentado melhora. Hirshland acusou o órgão de continuar cometendo os mesmos erros após a mudança da formação do conselho de gestão. Ainda não foi revelado quem ficará no comando do grupo que tem mais de 150 atletas e três mil clubes.