Com incentivo do ex-atleta Joaquim Cruz, jovens de Ceilândia buscam destaque para os Jogos do Japão em 2020
O duas vezes medalhista olímpico Joaquim Cruz intensificou suas atividades sociais logo depois de conquistar a prata nos 800m na Coreia do Sul em 1998, seu segundo Jogos Olímpicos. Quatro anos antes, o corredor havia levado ouro em Los Angeles, EUA. No ano de 1989 fundou o clube dos DescalSOS, dando apoio material a jovens atletas e a iniciativa levou à fundação de um instituto com seu nome em 2003. No entanto, foi há cinco anos que o Instituto Joaquim Cruz (IJC) se ampliou com base no programa "Rumo ao Pódio Olímpico", que visa desenvolver talentos de alto rendimento.
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Hoje em dia, 16 atletas treinam todos os dias no Centro Olímpico de Ceilândia, Distrito Federal, e nas trilhas da Floresta Nacional buscando índices para provas de fundo e meio-fundo da próxima Olimpíadas. Através da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), os jovens de 15 a 21 anos que treinam no Instituto contam com vale-transporte e refeição além de bolsa aprendizagem, passagem e hospedagem para competir, plano de saúde, equipamento e uniforme.
Ricardo Vidal, diretor-executivo do instituto reforça a relevância do apoio do Ministério do Esporte: “A Lei de Incentivo passou a ser uma fonte de financiamento que abrange as três dimensões do esporte: participação, educação e rendimento. No nosso caso, somos de rendimento. Propiciamos um ambiente para os atletas treinarem continuamente e com tranquilidade e alguns resultados já vêm acontecendo em sul-americanos, pan-americanos e mundiais”.
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Somente em 2016, o Instituto Joaquim Cruz captou mais de R$ 1,8 milhão. A captação aconteceu através do apoio de empresas que abateram ate 1% do Imposto de Renda para investir na iniciativa. “Nós estamos formando garotos. As empresas normalmente aparecem quando eles já estão prontos. Trabalhamos em uma faixa etária em que não há muita visibilidade nem apelo midiático. A Lei de Incentivo permite mudar essa realidade”, diz Vidal.
PENEIRA
Para poder treinar no Instituto e fazer parte da equipe do "Rumo ao Pódio Olímpico", há uma seleção criteriosa que se iniciou com 50 atletas. Hoje, após meses de avaliação, são 16.
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Luiz Carlos Santana, coordenador-técnico do IJC explica a importância da peneira e seleção dos jovens atletas: “Boa parte da meninada vem porque gosta de fazer atividade esportiva, mas sem noção do que é o alto rendimento. Então, trabalhar isso com eles é complexo. Têm uns que já vem com essa garra, essa vontade, esse desejo... Treinam pensando na competição e mostram na competição o que são. Outros não deram certo, treinavam bem, mas chegavam na competição e mostravam deficiência naquilo que eles queriam de fato, aí a gente vai fazendo a peneira”.