
É muito difícil determinar o tamanho de um artista antes que ele finalize sua obra. Muitas vezes é até necessário um distanciamento histórico bem maior para que tudo que ele realizou seja efetivamente reconhecido e decantado.
Quando pintou a Mona Lisa, sem dúvida alguma o quadro mais famoso do mundo na atualidade, Da Vinci não fazia ideia que sua obra ganharia tal status. Talvez ele nem sonhasse com isso.
Mas hoje, aquela moldura de 77 x 53 cm arrasta multidões ao Louvre somente para vê-la. O mesmo vale para outras figuras que atualmente são reconhecidas como as maiores, ou pelo menos estão entre as principais, de diversas áreas, sejam das artes ou ciências.
A essa altura você pode estar se perguntando por que estou falando de tudo isso, quando o assunto aqui é futebol e Flamengo. Muito simples, meus amigos. Porque no rubro-negro há um artista que está construindo sua obra aos poucos e ela será devidamente analisada em quando ele terminá-la.
Mas, mesmo enquanto ele a cria, é possível imaginar, debater e até definir, para os mais apressados, em que lugar da história do Mais Querido estará Giorgian Daniel De Arrascaeta.
Um 2025 para a eternidade
Arraxca. O uruguaio mais carioca escolheu 2025 para chamar de seu. Um ano incontestavelmente dele. Sozinho no mais alto degrau. Em uma das temporadas mais vitoriosas da história do clube - mais uma em tempos recentes - não há dúvida sobre quem é o dono do time.
Em 2019 ele não foi o mais decisivo, mas foi quase tão importante quanto quem foi. Não foi o protagonista solitário, mas muitas vezes dividiu os holofotes. Ali, há quem aponte Gabigol, Bruno Henrique ou Arrascaeta como o jogador da temporada. Agora não.
No ano em que recebeu a sagrada camisa 10, foi o artilheiro do time, líder em assistências e jogador mais decisivo da equipe, não tem outra opção. É ele. E ainda comanda o grupo e o vestiário, em muitas oportunidades envergou a braçadeira de capitão. Não faltou nada.
Nunca haverá no Flamengo alguém como Zico. Não apenas pela qualidade mas por tudo que representou e representa até hoje. É intocável. Mas para quem não teve o prazer de vivenciar essa experiência, tem hoje em Arrascaeta essa figura. É o norte do torcedor. A bússola.
Tem outros bons artistas para gostar? Claro. Há aqueles que já terminaram (pelo menos até agora) suas obras no Flamengo e também merecem as maiores honrarias? Com certeza. Mas Arrascaeta é sinônimo de passado recente, presente e futuro.
O Mundial como maior sucesso
A vitória sobre o Cruz Azul por 2 a 1 - não preciso dizer quem fez os dois gols - mantém as esperanças na Nação. No futebol moderno, em que existe um abismo entre as potências sul-americanas e europeias, ainda é possível ser campeão do mundo?
É muito difícil, mas não impossível. E se o Flamengo chegar lá, lembrando que ainda falta passar da semifinal para ter essa chance, e conseguir este feito, onde colocaremos Arrascaeta na história do clube, especialmente se ele for decisivo nessa final?
Também é muito difícil, mas não impossível de responder. A obra ainda estará incompleta, embora no seu ápice criativo. Em caso de título, não será exagero dizer que o uruguaio se tornará o segundo maior jogador da história do clube.
Mas, como para qualquer artista, pode ser que isso só seja reconhecido anos mais tarde.
