Igor Julião concedeu entrevista coletiva
Foto: Mailson Santana / Fluminense FC
Igor Julião concedeu entrevista coletiva

O herói da primeira vitória do Fluminense na temporada foi diferente do que o torcedor está acostumado. O lateral-direito Igor Julião marcou seu primeiro gol em 87 jogos pelo clube após um chutaço de fora da área contra o Flamengo, em jogo que terminou 1 a 0. Em entrevista coletiva, o jogador, que iria entrar de férias com o restante do elenco após a confirmação na fase de grupos da Libertadores, admitiu ter pensado que a ligação pedindo para que ele atuasse no clássico fosse com uma notícia ruim.




- Quando acabou o jogo da Copa do Brasil tivemos 10 dias de folga. O Paulo Angioni me ligou e eu pensei "putz, não vão contar comigo para este ano, estou recebendo o recado agora". E era para dar a notícia que era para voltar a treinar porque teria um Fla-Flu para jogar. Quando acabou a ligação eu abracei minha esposa e falei que iríamos voltar para treinar. Fiquei super feliz. É importante para testar, ver transformações e dar moral. O Roger é muito detalhista, tem o conceito dele e precisa ter tempo. Valorizo muito - afirmou, em entrevista coletiva no CT Carlos Castilho.

Julião ressaltou a importância do Campeonato Carioca para o início da temporada, mas criticou a confusa transmissão do torneio e se solidarizou com o Bangu, adversário deste sábado. Os jogadores do elenco protestaram e decidiram não treinar porque estão com salários atrasados e ainda não receberam neste ano.

- A única coisa que me pega é que está tudo desorganizado. A gente não sabe nem como faz para assistir o jogo. Sempre falo que o futebol é o esporte mais democrático que tem, tem papel social, é para os amigos se reunirem no final de semana, ligar a televisão. Tem que ser fácil. Tenho medo de como as coisas estão indo, de termos que assistir aos jogos no Tik Tok, em algum aplicativo. Tirando o futebol da parte social. É minha única crítica a esta edição. O Bangu, que vai jogar conosco, tem jogadores há oito meses sem salários. Eles pararam os treinos nesta semana. É triste demais. Mas o Carioca dá voz a esses jogadores. Fica a minha voz a favor dos atletas. Isso é triste - completou.

O presidente Mário Bittencourt e o técnico Roger Machado já expressaram publicamente acreditarem que o Fluminense tem chances de conquistar o título da Libertadores.  Igor Julião exaltou o elenco do Tricolor e fez coro sobre a possibilidade do primeiro troféu internacional.

- Não acho que seja absurdo, até pelo elenco que temos. Por mais que no campeonato passado muitos não acreditassem na gente. Temos Fred, Nenê e Ganso no elenco, não é para ficar no meio de tabela. São jogadores com carreira consolidada, acima da média. E sonhamos, ainda mais com o Roger chegando. Ele mostrou em poucos treinos que é diferente e eu sou um cara que não tenho costume de assistir aos jogos no Brasil, mais os europeus. Como um estudo para entender a parte tática, posição corporal. O Roger nos dá esse tipo de orientação. Isso motiva a todos. Mantivemos nossa base de grupo e não é impossível sonhar.

Julião é conhecido por expressar sempre seus posicionamentos políticos e sociais. Na coletiva não foi diferente. O lateral-direito comentou sobre o pior momento na pandemia e a possibilidade de uma nova paralisação das partidas no Brasil.

- É muito difícil falar isso. Não sou especialista, mas me sinto muito responsável pelos trabalhos que o futebol dá indiretamente. Os roupeiros, as tias da limpeza, são milhares de profissionais. Nós conseguiríamos ficar três meses em casa, mas sei que essas pessoas não. A única coisa que peço é que tenhamos todos os cuidados possíveis para jogar. O que peço é que a CBF cuide um pouco mais. Viajamos semanalmente no país, que é continental. Poderia o Fluminense e o Flamengo dividir um voo para jogar em São Paulo, sem precisar passar por saguão de aeroporto. Pedimos zelo, cuidado, distanciamento e que a vacina saia o quanto antes para normalizar - finalizou.

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RENOVAÇÃO

– Não. Acho que está cedo. Sou um jogador que está há muito tempo na casa. Eu entendo isso. Vamos ver como vai decorrer esse ano. A minha vontade é sempre o Fluminense. Tudo o que eu tenho devo ao Fluminense. E eu não falo de parte financeira, não. O que eu vou levar quando acabar a carreira as experiências que eu tive aqui. Aprendi muito com Abel, Roger, Odair, Marcão, Fernando Diniz. Sou grato por tudo o que o Fluminense me deu e tem me dado.

ROGER

– Tivemos uma semana de trabalho e já dá para ver que é um cara diferente. Estou muito animado, já estava até antes de trabalhar com ele. Já nos enfrentávamos e as equipes dele são muito táticas. É um estilo que eu gosto. O Roger é super didático, inteligente, fez questão de trocar ideias com cada jogador, escutar cada um. Agora preciso usar esse momento para dividir o mérito do gol com ele. Quando chegou, perguntou as posições que eu já havia atuado, falei que já tinha atuado no meio-campo e mostrou que ele escutou aquilo, me surpreendeu no jogo. Ele realmente acreditou. Por o Roger saber que eu sou um jogador que divide a torcida do Fluminense por me posicionar politicamente e ter pessoas que não gostam desse meu lado, ele foi corajoso de me tirar da minha posição e colocar no meio. Isso não tem preço. São atitudes que o treinador tem com o elenco que pode ganhar o jogador. Foi muito especial conversar com cada jogador e ter coragem de me trocar.

POSICIONAMENTO

- Claro que isso divide, mas aos poucos está melhorando. O torcedor está entendendo que meus posicionamentos não são políticos, mas sociais. Defender a democracia não depende de nenhum lado. É para os progressistas, conservadores, as pautas que defendo não tem lado político. Isso ficou muito pela época da eleição que estava aquele Fla-Flu, mas no decorrer do tempo eles entendem que é uma posição social.

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