A temporada de 2020 não foi fácil para o Flamengo . Após o início com títulos, o Rubro-Negro viu Jorge Jesus sair para o Benfica e passou a conviver com momentos turbulentos, como as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores. Mesmo assim, a equipe confirmou o favoritismo e conquistou o Brasileirão nas últimas rodadas. Em entrevista ao site "ge", Marcos Braz fez um balanço de 2020 e projetou 2021 com o mesmo ritmo de conquistas.
Sobre a temporada passada, vice-presidente de futebol destacou as dificuldades originadas da pandemia e também da saída inesperada de Jorge Jesus , menos de um mês depois de renovar. Diante desse cenário, o clube conseguiu fazer os ajustes necessários para retornar aos trilhos dos triunfos e dos títulos.
- Eu acho que ninguém acreditaria no que aconteceu sobre essa pandemia. Todas as análises foram caindo. O Flamengo teve que ir fazendo ajustes. A primeira grande dificuldade: leva quatro, cinco meses para renovar com o Jorge Jesus. E 25 dias depois ele sai. Quando a gente estava no processo lá atrás tentando renovar com o Jorge, tínhamos algumas alternativas. Depois que renova, a gente solta as alternativas. Normal.
- E aí o Jorge vai embora, a gente começa do zero, começando a ver o processo de novo. O Flamengo foi ajustando, resolvendo a vida. Graças a Deus, ainda assim, foi a terceira melhor temporada da história do Flamengo. Conseguimos nos superar e tenho certeza que foi um bom ano para o Flamengo. Com certeza, foi o mais complicado.
Mesmo campeão brasileiro, Rogério Ceni
está longe de ser unanimidade e sofre com críticas de parte da torcida. Sobre o treinador, Braz destacou o contrato válido até o fim de 2021 e garantiu a reapresentação dele junto com o elenco no dia 15 de março.
- Ele tem contrato com o Flamengo até dezembro de 2021. É o atual campeão brasileiro, teve alguns dias de férias merecidas para visitar o pai. Quando voltar, retoma o trabalho dele normalmente. Eu entendo a pergunta, mas não entendo a insistência em relação a perguntar do Rogério. Ele tem contrato com o Flamengo, acabou de ser campeão com o Flamengo. Mais do que plausível que daqui a uma semana esteja aqui dando o treino.
Um dos principais motivos da pressão sofrida por Ceni é o mau momento de Jorge Jesus no Benfica, o que poderia facilitar uma possível volta do português ao Flamengo. Amigo próximo do Mister, Braz revelou ter contato com o técnico de forma natural e disse ser normal que o nome dele continue relacionado ao Rubro-Negro.
- Eu não preciso de intermediário para falar com o Jorge Jesus. Eu não preciso de intermediário para receber qualquer tipo de informação do Jorge Jesus. Eles vão querer falar de Jorge Jesus para mim? É piada. Se eu quiser falar alguma coisa com o Jorge, ou se ele quiser falar algo para mim... A gente se fala não toda hora, mas no Natal, no Réveillon, nas datas de um grande jogo. Estão querendo mostrar um negócio... parece até que o Flamengo não quer o Jorge. Se está bem ou mal, essa análise não é minha.
- Dura um bom tempo pelos resultados que ele deixou aqui. O Jorge é um cara fenomenal, trabalhador, correto, mas está contratado. E a opção de ir embora foi dele. Mas não é demérito nenhum. Eu entendi. Um mundo louco, de pandemia, a família não podendo vir para cá. Ele com restrições. A vacina está aí e não chega para todo mundo. A gente tem que ter paciência e tranquilidade para que comece a temporada. Eu acho que daqui a pouco alguns fantasmas vão desaparecendo.
Outra peça-chave de 2019 que tem o nome relacionado ao Flamengo é Rafinha
. Mas, esse sim está próximo de voltar. Segundo Braz, a negociação com o lateral-direito está bem encaminhada e depende apenas do acerto de alguns detalhes entre as partes.
- Ele começou há um mês a sinalizar que queria voltar. Estamos conversando. O Bruno (Spindel) está conversando. Eu tenho uma relação direta com ele também, muito próxima. Estamos tentando ajustar. Não que ele não mereça ser valorizado pela história dele aqui, mas estamos com algumas prudências para finalizarmos esse caso, de um lado ou de outro. A reta final do Brasileiro tirou um pouco o nosso foco, porque estávamos concentrados só nos jogos. Mas vamos retomar. Está bem encaminhada, mas não está certa a contratação.
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DECISÃO MAIS DIFÍCIL DE 2020
Ter a percepção na hora certa de trocar o Domènec. Foi uma decisão muito difícil. De 2013 a 2019, o Flamengo teve 13 técnicos. Se fizer conta por alto, é um a cada cinco meses. Eu afirmo que em lugar nenhum do mundo, sério, profissional, isso daria certo. Eu relutei muito e sempre vinha falando com companheiros de diretoria, não vamos entrar nesse ciclo, nesse processo, por mais que seja desgastante segurar um treinador.
Com o Ceni e logo depois começamos a ter o mesmo processo. Os resultados não vieram em alguns momentos. O ápice disso foi a derrota do Flamengo para o Ceará. A manutenção do Ceni foi muito assertiva. A compreensão e tentar fazer com que os outros compreendam que o Ceni precisava de mais tempo para que pudesse fazer um trabalho.
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PRINCIPAL LIÇÃO DE 2020
Toda temporada te dá um aprendizado, uma casca a mais. Esse é um ano em que você vê que, mais do que nunca, um grupo unido, forte tecnicamente, no final faz a diferença. Em momento algum, não se acreditou nesse título. Podem ter certeza disso.
Agora é bola para frente, acreditando sempre em poder ganhar ainda mais títulos pelo Flamengo. Três técnicos diferentes, três comissões diferentes. Esse título, para mim, também tem um gosto melhor do que os outros porque a gente sempre é questionado, sempre condenado por um monte de situações, mas acho que deu tudo certo.
MENOR INVESTIMENTO EM REFORÇOS
Pela parte financeira e também por já ter um elenco que já veio sendo qualificado. No ano passado, contratamos alguns jogadores no início. Pedro e Thiago Maia eram empréstimo. O Pedro nós exercemos, e o Thiago chegamos a um bom acordo com os franceses para que tivéssemos mais tempo para recuperá-lo. Agora, temos que fazer os ajustes. O Flamengo precisa se reforçar, acredito que é sempre importante oxigenar o ambiente do departamento de futebol. Mas com certeza não são os caminhos de quando chegamos, em 2019.
Já saímos na frente, contratamos o Bruno Viana. Temos que ter imaginação, bom senso e conhecimento do mercado. Mas não vamos fazer cinco, seis contratações não. Não sabemos se teremos propostas pelos nossos jogadores. Conforme isso acontecer, vamos ajustando também. A gente conversa (com Rogério), mas quando ele voltar vamos acelerar.
MIRANDA LIVRE NO MERCADO
Não gosto de falar porque às vezes parece uma coisa desrespeitosa, e o Miranda é um jogador de uma carreira brilhante. Mas em nenhum momento foi analisado aqui para ser contratado. Nenhum. Pelo menos para mim.
POSSÍVEIS SAÍDAS DE ATLETAS
Estou esperando o Rogério voltar até para saber o que ele está pensando na parte esportiva. Mas aqui não colocamos jogador na prateleira para vender. Alguns jogadores precisam de seis meses, um ano para se adaptarem ao clube. Mas aqui não tem isso. É porrada o tempo todo, é no chicote. E não da minha parte não, é da torcida, dos jornalistas... de todo mundo.
ANO DE ELEIÇÃO NO FLA
Respeito a posição de todos, dos jornalistas... Mas é um ano de cuidado também. As coisas precisam ser mais apuradas, administradas, com oportunidade de ouvir o outro lado com a mesma vontade. Não adianta ouvir já com o conceito formado. Sobre política, estou à vontade. Vou ter pouca participação. Meu candidato é o Landim. Se ele não quiser, é quem ele falar que tem que ser.
CONCILIAÇÃO COM CARGO DE VEREADOR
Estou feliz, foi meu primeiro título como vereador. Campeão brasileiro. Espero que venham mais. Tenho as minhas atribuições na câmara, que são colocadas às claras. Quem está pagando o preço é minha família, meus filhos, esposa, pais... Todos reclamam que não estou presente. Mas foi uma opção minha. Não deixar eu me defender em relação a isso é covardia. Tenho que ser cobrado como vereador. Muito. E tenho que ser cobrado como vice-presidente. Mas acho covardia cobrar essa correlação.