Na semana passada, a Sports Value , empresa especializada em marketing esportivo , divulgou um estudo a respeito do consumo dos torcedores de futebol no Brasil. Segundo o resultados, 42% da população nacional não se interessa pelo esporte. Na comparação, quando a seleção foi penta em 2002, o número era de 22%.
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Ainda de acordo com a pesquisa, 21% da receita de todos os times do Brasil vem de uma relação B2C (business to customer). Ou seja: bilheteria, sócio-torcedor e compra de produtos oficiais. Isso representa R$ 1,1 bilhão, apenas 1,6% do total gasto pelos brasileiros com entretenimento (total de R$ 67,7 bilhões em 2018).
A origem desses números preocupantes pode estar em outro levantamento, desta vez realizado pelo Ibope Repucom . Dos ainda "amantes da bola", especificamente os jovens, 72% torce para um clube europeu. Além apresentarem um belo futebol, agremiações como Barcelona e Real Madrid fazem um incrível trabalho de marketing pelo mundo afora.
Para Reginaldo Diniz, CEO e cofundador da End to End, empresa de Inteligência de Negócios e Arquitetura de Soluções com expertise em programas sócio-torcedor, chegou a hora dos times brasileiros reagirem.
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"Potencial para virar esse jogo, com certeza eles têm de sobra. No entanto, o esquema tático precisa mudar. Vamos fazer uma análise mais profunda sobre por que chegamos a esse estágio? Assim, fica mais fácil apresentar soluções", disse Diniz.
"Primeiro motivo a se considerar: jovens gostam de jovens. Quando Neymar e Gabriel Jesus saem tão cedo para o exterior, quem torce para o Santos ou Palmeiras acaba acompanhando o clube do ídolo. Talvez porque quem o fez gostar desse ou daquele time foi justamente um desses craques", comentou.
Para ele, a próxima razão de insucesso vem do discurso pronto dos jogadores desde o Dente de Leite, como "Estou muito feliz em subir de categoria/assinar meu primeiro contrato/estrear pelo profissional/fazer meu primeiro gol. Mas meu objetivo final mesmo é o de jogar na Europa".
"Essa constante fala também afeta o pensamento dos jovens torcedores. 'Por enquanto, torço pro Santos, mas logo mais serei Barcelona ou PSG ', disse Reginaldo Diniz.
A internacionalização das marcas também é importante. "A comunicação dos clubes europeus é sensacional, tanto online quanto offline. Quando vou em alguma loja, por exemplo, dou de cara com uma enxurrada de produtos de times europeus antes mesmo de encontrar algo do meu time do coração. Por quê? Talvez porque vendem mais", disse o empresário.
E como fazer para mudar esse cenário? Reginaldo Diniz dá a dica: "Fazendo todos os processos ao contrário! Primeiro, os ídolos da base precisam ficar mais tempo no Brasil. Com 23 anos, por exemplo, estão mais maduros para enfrentar o novo desafio de jogar no exterior, além de garantir o valor integral para a agremiação formadora quando houver uma transação", comentou.
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"Outro ponto a se pensar é a oferta de produtos e serviços especificamente para os jovens torcedores. Se a moda para essa faixa etária é ter uma capinha de celular com um suporte diferente, os clubes precisam vender o mesmo produto. E sempre estar antenado para novas tendências, é claro", disse Reginaldo Diniz.
"Chegou a hora dos times brasileiros investirem nisso. Se os torcedores dos outros times começarem a usar camisas de agremiações do Brasil, quem sabe não começamos a copiar e fazer o mesmo?", finalizou.