Na porta do Congresso da Fifa, cartazes indicam um novo tom no discurso da entidade: transparência, recuperar a credibilidade e humildade. Mas, na prática, os dirigentes que viajaram até Zurique para a eleição presidencial desta sexta-feira continuam desfrutando de privilégios, limusines, hotéis de luxo e grandes festas.
Apenas para gastos pessoais, cada um dos dirigentes recebe US$ 1 mil (aproximadamente R$ 4 mil) por dia. E ninguém precisa prestar contas sobre como o dinheiro foi utilizado.
No total, a Fifa vai distribuir mais de US$ 600 mil (R$ 2,4 milhões) para que os dirigentes possam pagar suas contas em Zurique, isso sem contar com a passagem aérea e hotéis.
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No caso da CBF, a representação será do presidente interino, coronel Antonio Nunes. Ele tem direito a US$ 1 mil em "gastos pessoais". Outros dois dirigentes também viajaram, bancados pela Fifa. Um deles é o presidente da Federação de Futebol do Acre, Antonio Aquino, além do presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Gomes. A CBF, como um todo, tem direito a US$ 3 mil (R$ 12 mil) apenas para gastos como restaurantes ou compras.
O Brasil ainda viaja para Zurique com o presidente da Federação Paulista de Futebol e com o presidente do Palmeiras, ambos convidados da Conmebol. Ao contrário de anos passados, porém, o dinheiro não será entregue em um envelope. Mas sim depositados nas contas dos dirigentes. Oficialmente, o motivo é para garantir um "maior controle" sobre os gastos.
TENSÃO - Enquanto os delegados são conduzidos de um hotel aos eventos oficiais, os cinco candidatos que concorrem à presidência proliferavam em reuniões e promessas. Nesta quinta-feira, o europeu Gianni Infantino insistia que, se eleito, daria US$ 5 milhões (R$ 20 milhões) a cada federação nacional. Outros, como Salman Bin Ibrahim Al Khalifa, prometiam cargos, enquanto alguns sugeririam uma redistribuição de vagas na Copa do Mundo, justamente para atender a novas regiões - e conquistar novos votos.
As promessas eram seguidas por uma guerra de informação, liderada pelos indícios de que o Brasil mudaria de lado, deixando de apoiar Infantino para dar seu voto a Salman. Questionado se isso se concretizaria, Salman apenas sorriu: "Pergunte aos brasileiros".
O discurso, porém, é de esperança. "Vamos nos propulsar a uma nova era. Temos de tomar medidas para recuperar nossa credibilidade", disse Issa Hayatou, presidente interino da Fifa e que está na entidade há mais de 20 anos. "O mundo está nos olhando", completou.