Marta
Alexandre Guariglia
Marta

A hashtag "Meu Rival" surgiu nas redes sociais nesse dia 8 de março: Dia Internacional das Mulheres e é direcionado para mulheres que passam pelos apertos diários quando dizem gostar de futebol.

De frases como "Você só quer atenção dos homens" até "Você entende menos do que nós". É certo que toda e qualquer mulher, que em algum momento, expressou um apego e uma atração pelo esporte e pela bola no pé, já ouviu algo assim ou foi rebaixada.

O movimento uniu torcedoras, jornalistas esportivas, narradoras e jogadoras, todas dividindo o mesmo campo. Em uma posição de zaga contra os ataques vindos do sexo oposto.

Em um paralelo do campo jornalístico, a bandeira levantada hoje por grandes nomes da mídia esportiva feminina, como Olga Bagatini e Ana Thaís Matos , só trouxe a luz o fato que mulheres são minorias em editorias esportivas, mesmo sendo maioria entre os formados. Essa raiz é patriarcal. Mulher era posta, a priori, em editorias sobre moda, beleza e literatura. Esporte era visto como algo masculino, já que de acordo com o ponto de vista adotado, não conferia "feminilidade". 

Em um dos seus tweets, Olga relata casos onde viu jornalistas homens afastarem suas colegas de profissão do sexo feminino pela falta de oportunidade e aprofundamento. Muitas delas, senão por dizer a maioria, desistiram do segmento esportivo por não aguentarem o machismo e a falta de confiança e credibilidade. E tal fato é mais comum do que imaginamos. Muitas atividades, com base na análise de artigos científicos que trazem relatos de jornalistas da área, são passadas para as figuras masculinas por não adotarem confiança.

Você viu?

Em rodas de conversas sobre futebol e as partidas da semana, sempre que há uma mulher envolvida, ela luta para poder argumentar. E é comum vir uma resposta com a frase "Então se você entende mesmo, me diga a escalação do seu time de dez anos atrás!" ou são vistas como "Maria-chuteiras". Essa disputa de poder e ego é um machismo recorrente. 

E aquelas que quiseram moldar sua vida com chuteira no pé sofrem caladas. A falta de investimento no futebol feminino não é novidade. Vimos, a uns dias atrás, um dos clubes mais tradicionais e pioneiros da categoria se desmanchando. Ary Borges , craque dentro da equipe feminina do Palmeiras, aderiu a campanha e também se manifestou dentro do seu Twitter.

Ary disse que o "seu rival" eram todos aqueles que a olhava diferente pelo fato de ser a única menina em meio a todos os garotos jogando futebol. E esse olhar diferente sempre vem, infelizmente.

 A campanha #MeuRival vem mais do que como um movimento no Twitter direcionado para o dia 8 de março, mas como um grito. Um desabafo. Uma forma que aquelas, apaixonadas pelo esporte, encontraram de se unir. E é fato que muitas se identificam, já que falamos todas uma mesma voz. Temos um mesmo grito. Nosso rival ainda vai nos acompanhar muito...E quem dera eu que estivesse falando somente do time, mas não do machismo que nos perdura no universo futebolístico.


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