O antepenúltimo confronto da noite reúne Tony Ferguson e Donald Cerrone, dois pesos-leves (70 kg) muito populares, repletos de fãs e protagonistas dentro da categoria mais agitada — em todos os sentidos — do UFC. Com a ascensão de Conor McGregor
e sua onipresença em tudo o que diz respeito ao MMA
hoje em dia, aqueles atletas que gravitam em seu entorno também ganharam notoriedade. Assim, o já famosíssimo 'Cowboy' ficou ainda mais em voga depois de ser especulado para um confronto contra o irlandês, enquanto Ferguson vez por outra usa as redes sociais para provocar 'The Notorious'.
Em resumo: um atleta sem cinturão como Conor segue tão relevante e influente que altera até mesmo o xadrez do interesse popular em um evento do UFC com duas disputas de cinturão. Um termômetro importante e que aponta nesta direção é a quantidade de visualizações do programa 'Countdown', no qual o Ultimate mostra a preparação dos atletas para o próximo card.
Postados no YouTube na última segunda-feira (3), os três vídeos escancaram a diferença de interesse entre os duelos. Enquanto Shevchenko vs Eye teve 99 mil e Cejudo vs Moraes, 369 mil visualizações, o programa sobre a luta de Ferguson e Cerrone já estourou a marca de 1 milhão de views.
Tal situação deixa claro como o sistema de promoção do UFC necessita de atletas que atraiam espectadores independente de seu status dentro da organização. Não fosse assim, a luta entre Cerrone e Tony sequer estaria no evento. Afinal, se há duas disputas de cinturão no card, por que encaixar outro combate importante no show? A resposta é o público que dá, mesmo antes de o sábado chegar.
Por outro lado, é inegável que, no estica e puxa financeiro que conduz qualquer organização privada deste mundo, atletas como McGregor, Cerrone e Ferguson ajudam a pagar, inclusive literalmente, a conta dos lutadores que não vendem tanto.
Prova disso é a absoluta falta de comoção popular com o iminente fim da categoria masculina dos moscas, da qual já tratamos aqui nesta coluna. A divisão, existente desde 2011, jamais conquistou o público, mesmo com um campeão que bateu recordes de defesas de cinturão como Demetrious Johnson. E, no entanto, existe há oito anos, provavelmente gerando mais despesas do que receitas à empresa.
Se no fim das contas, é o lucro que precisa mover o UFC , talvez seja este o preço que Cejudos, Marlons, Valentinas e Jessicas têm a pagar: ser destaque na teoria, mas quase nunca na prática.