O mundo do MMA acordou com uma notícia bombástica na última quarta-feira (20): TJ Dillashaw, campeão peso-galo (61 kg) do UFC, anunciou que foi pego no exame antidoping. TJ é mais um lutador de ponta a ser derrubado pela USADA (agência antidoping americana), que iniciou uma parceria com o Ultimate em 2015 e, desde então, já fez quase 10 mil testes contra dopagem nos atletas da organização.
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Mas TJ, que foi nocauteado em 32 segundos por Henry Cejudo um dia depois do exame ser coletado no UFC , não foi o único lutador de ponta a cair na rede da USADA.
Jon Jones foi derrubado duas vezes pelo controle da entidade, que identificou substâncias proibidas em testes realizados em 2016, em 2017 e 2018 – embora neste último caso a agência tenha ido a público garantir que não tenha se tratado de uma nova utilização da substância turinabol, mas de resquícios dela.
Fato é que ninguém parece imune ao sistema contra trapaça que a USADA e o UFC montaram. A entidade já puniu 65 lutadores desde o início da parceria – o que, a curto prazo, joga contra o Ultimate, mas fortalece o esporte a médio e longo prazo.
É óbvio que os flagras de lutadores como TJ, Jones, Lyoto Machida, Yoel Romero, Anderson Silva e Fabrício Werdum mancha não só as suas próprias carreiras, como também a imagem do esporte que eles praticam.
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No entanto, apesar de o UFC ser apenas um dos muitos eventos de MMA pelo mundo, é nele que se concentra praticamente toda a atenção midiática e de público nos grandes centros.
Assim, ainda que as descobertas de doping frequentemente atrapalhem os planos do Ultimate e causem prejuízos – em dezembro, um evento teve de ser mudado de sede com uma semana de antecedência para abrigar Jon Jones –, não há por que lamentar o pente fino aplicado pela USADA.
Afinal, o esporte, qualquer um deles, visa à competição justa e dentro das regras. E numa modalidade como o MMA, em que golpes causam lesões e traumas com consequências que podem perdurar uma vida inteira, é ainda mais necessária a igualdade de condições – mesmo que isso seja utópico.
A longo prazo, reforçar o MMA como um esporte que de fato fiscaliza o doping coloca o esporte à frente de outras modalidades que tiveram sua história maculada por escândalos.
O ciclismo jamais será o mesmo após o caso Lance Armstrong.
Depois do esquema governamental de dopagem na Rússia – que rendeu até um Oscar ao filme Ícaro, de 2017 –, nunca mais atletas olímpicos daquele país serão olhados como iguais perante seus adversários.
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Como toda entidade esportiva poderosa, o UFC também tem defeitos e atitudes questionáveis, mas, neste caso, faz um serviço ao MMA a cada suspensão aplicada às suas estrelas dopadas.