Diferentes recortes da pesquisa O GLOBO/Ipec mostram que pode haver uma relação entre momentos de sucesso dos clubes e eventuais acréscimos em sua torcida. Mas esse impacto leva tempo, o que talvez ajude a explicar por que o Palmeiras, o time brasileiro mais vitorioso nos últimos anos, registra o menor percentual de apoiadores justamente na menor faixa etária aferida, entre jovens de 16 a 24 anos.
Nesse grupo, o alviverde tem apenas 5,4% de penetração, significativamente menos do que vê em sua média geral (7,4%) e principalmente em outros recortes, como os 8,1% nas faixas de 25 a 34 e 35 a 44 anos ou ainda os 9,1% entre os que têm 60 anos ou mais. Entre este último grupo, aliás, o clube alcança a terceira posição no ranking nacional, superando o São Paulo, que está à frente em todas as outras faixas.
Considerado o impreciso intervalo necessário para que taças se convertam em novos fãs, é provável que o Palmeiras ainda viva o reflexo dos anos de rebaixamento e campanhas ruins que antecederam a reformulação estrutural no clube. Os feitos de Dudu e Abel Ferreira serão absorvidos no médio prazo.
Outro exame nos números alviverdes mostra que ele tem proporcionalmente a torcida mais escolarizada entre os grandes da capital paulista. É o único com mais apoiadores entre os que possuem Ensino Superior (8,7%) em detrimento dos que cursaram até o Ensino Médio (6,5%) ou apenas fizeram o Fundamental (7,5%). Corinthians e São Paulo, por exemplo, têm como fatia mais expressiva a de fãs que estudaram até o Médio.
Essa boa penetração entre os mais escolarizados se reflete na renda familiar dos alviverdes. O Porco tem porcentagens mais altas de seguidores entre os que recebem mais de dois e até cinco salários mínimos por mês (8,5%) e os que estão na faixa mais rica, de mais de cinco salários (7,2%). Por outro lado, fica mais abaixo de sua porcentagem global quando examinados os que ganham até um salário mínimo (6,8%) e até dois salários (6,3%).
Também provavelmente por essa conjunção de fatores se mostra mais expressivo nas capitais (7,1% do contingente nacional) e no interior (7,9%) e tem menos força na periferia (5,5%).
Ainda em termos geográficos, O GLOBO já destacou a força palmeirense no Sul, onde é o terceiro preferido (10,2%), atrás naturalmente da dupla Gre-Nal. O clube também aparece bem no Nordeste (7,4%), também em terceiro, embora com boa desvantagem para o Corinthians (10,4) e principalmente o Flamengo (25,2%). Está um pouco abaixo de seu índice nacional (7,1%) no superlotado mercado do Sudeste e muito aquém nas regiões Norte e Centro-Oeste (5,6%) em que é ultrapassado pelo Vasco e pelo São Paulo. O tricolor paulista também está à frente no Sudeste.
Outros cortes que merecem destaque: o Palmeiras tem a preferência de 8,8% dos católicos do país — é um dos que se posiciona com maior margem nesse segmento em relação aos evangélicos (5,3%) ou que seguem outras crenças (6,4%). Também tem fatia mais larga de brancos (8,5% do volume nacional) do que pretos/pardos (6,6%) e outras (5,7%).