Final de treino em Abu Dhabi. Max Verstappen celebra a pole position na última corrida do ano e sai na frente para tentar ser campeão da Fórmula 1 neste domingo, no Grande Prêmio dos Emirados Árabes. Lewis Hamilton termina o treino classificatório em segundo. Como tem sido recorrente na temporada mais disputada e de rivalidade mais acirrada em décadas, os dois postulantes ao título fazem guerra fria diante dos microfones. Verstappen, que largará com pneus macios, diz em entrevista que a escolha não foi planejada pela Red Bull. Hamilton, perto dali, afirma que sim, que é parte da estratégia do rival largar com compostos mais rápidos. Hamilton terá pneus médios na largada.
Será a primeira vez em toda temporada que os dois pilotos, quando tiveram condições normais de disputa, sem perda de posições ou fim de semana com a corrida sprint, largarão com compostos diferentes. É legítima a impressão de que o pulo do gato é da Red Bull. Max Verstappen largará em primeiro com pneus mais rápidos. Se não houver surpresas, pulará na frente e conseguirá abrir alguma vantagem em relação ao inglês, travado pelos pneus mais lentos. Mas quem fugiu da lógica não foi a turma do touro vermelho. Foi a Mercedes.
A equipe será minoria no grid de largada. Dos dez carros nas primeiras colocações, apenas três largarão com compostos médios, mais lentos, porém mais duradouros. Além de Hamilton e Bottas, a Alpha Tauri de Tsunoda. Em outras palavras: quem ousou na escolha do composto inicial não foi a Red Bull.
É raríssimo, quem tem o melhor carro do grid, em condição de largar no pelotão da frente, escolher pneus diferentes da maioria. Geralmente, a estratégia é utilizada por quem tem o carro ruim e sonha com um fato novo na corrida, ou quem tem um carro bom, mas que por um motivo externo é obrigado a largar no fundo do grid. Foi o caso, por exemplo, de Max Verstappen, que teve de largar em último na Rússia após sofrer punição e saiu com pneus duros, enquanto os outros pilotos, incluindo Hamilton, saíram com pneus médios. Isso e mais a chuva no fim da prova ajudou o holandês a terminar em segundo lugar.
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Para se ter uma ideia, em apenas uma corrida na temporada Red Bull e Mercedes, optaram, ao mesmo tempo e em condições normais, por compostos diferentes da maioria, no grande prêmio em Doha. Se a estratégia da Mercedes dará certo, só domingo será possível descobrir. Com os pneus médios de saída, a equipe entrega o início da corrida para a Red Bull. Max Verstappen corre na frente e Hamilton consegue manter distância em relação ao adversário. Uma batida entre eles, com os dois carros abandonando a prova, dá o título para o holandês.
Hamilton terá a condição de parar depois do holandês. Será sua chance para brilhar. Com a pista livre, tentará fazer o máximo de voltas possível, com o melhor tempo que os pneus, a essa altura, já desgastados, permitirem, e em seguida entrará nos boxes. A ideia é conseguir voltar à frente de Verstappen e ainda por cima com pneus mais rápidos. Se tudo der certo para o inglês, será campeão sem precisar disputar uma curva sequer com o adversário. Em um campeonato tão equilibrado, com equipes e pilotos tão parelhos, os cálculos que levaram a Mercedes a sair do óbvio poderá fazer a diferença na definição do próximo campeão.