Alvo de críticas por ser a  primeira transexual a jogar na Superliga feminina de vôlei, Tifanny Abreu, do Vôlei Bauru , se pronunciou após a derrota para o Vôlei Nestlé, nesta sexta-feira. Para ela, as altas pontuações que tem conseguido são reflexo da função em quadra, já que ela é oposta - a atacante.

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Tifanny Abreu sobe para atacar pela sua equipe, o Vôlei Bauru
Minas Tênis Clube/ Divulgação
Tifanny Abreu sobe para atacar pela sua equipe, o Vôlei Bauru

“Se você colocar no nosso time uma Tandara, uma Bruna Honório ou qualquer oposta que vai rodar a bola, ela será muito acionada. Somos uma equipe que, ao contrário dos favoritos, não tem muitas atacantes fortes, então é claro que a oposta vai receber mais bolas e fazer a diferença", disse Tifanny . Se existem homens bons, vão existir transexuais boas. Estou aqui simplesmente porque tenho talento”, acrescentou a atleta que detém o recorde de pontos nesta temporada, 39.

A jogadora falou ainda sobre as acusações de que não estaria utilizando sua força total nas cortadas para evitar mais polêmica e um possível banimento da dispura entre as mulheres devido à diferença de força, argumento utilizado por muitas atletas da Superliga e até de campeãs olímpicas, como Sheilla.

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“Como eu vou atacar mais forte que isso? Se eu atacar mais forte do que estou, tenho que voltar para o masculino. Não dou conta. Este é o meu máximo, é o que o hormônio me deixa fazer”, se defendeu a oposta do Vôlei bauru, que revelou algumas outras dificuldades que sente em comparação a quando jogava no vôlei masculino.

“Sou totalmente diferente. Depois da cirurgia, você vira uma mulher, não consigo mais jogar como antes. Se colocar uma rede masculina aqui (2,43 metros, contra 2,24 no feminino), eu só ataco na fita. Também noto muito o cansaço físico: necessito dois dias a mais que as outras meninas para descansar e me canso mais rápido do que elas. Não tenho muito físico por causa da hormonização, é difícil para mim”, acrescentou.

E o COI?

Sendo a favor ou não, Tifanny pode jogar vôlei entre as mulheres, de acordo com as normas do Comitê Olímpico Internacional (COI), já que identifica-se ao gênero feminino e faz tratamento hormonal para reduzir o hormônio masculino (testosterona) a menos de 10 nanomol por litro de sangue nos 12 meses antes e durante as competições.

Entretanto, as regras podem ser alteradas após os Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecerá este mês na Coreia do Sul, quando o COI irá discutir o assunto. A brasileira, porém, demonstra tranquilidade ao ser perguntada se teme as possíveis alterações.

“Tenho notícias que a única mudança será de 10 para 5 na testosterona e a minha é 0.2. Então, não tenho com o que me preocupar. O máximo que eles podem fazer é tirar a não obrigatoriedade da cirurgia, mas eu já fiz e sou feliz comigo mesmo”, salientou.

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Ela também demonstrou felicidade com o posicionamento do técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, que afirmou que ela será testada como qualquer atleta normal e poderá ser convocada caso jogue bem e as diretrizes dos campeonatos permitam.

“Fico muito feliz em saber que o técnico da seleção respeita a lei. Farei o meu melhor. Se eu estiver bem para ir para a seleção, quero ir… Mas ele vai saber decidir certo e escolher as melhores”, concluiu Tifanny.

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