Nino Salukvadze e o filho Tsotne Machavariani, do tiro
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Nino Salukvadze e o filho Tsotne Machavariani, do tiro

É difícil imaginar que um atleta olímpico de 18 anos ainda precise da permissão familiar para realizar um passeio no Rio de Janeiro. A situação rara vai se passar com Tsotne Machavariani, da Geórgia, atleta do tiro esportivo. O garoto jamais esteve em competição tão importante e, ao fim dos compromissos no Brasil, quer se aventurar como surfista em Copacabana, desde que tenha o aval da mãe. Afinal, ela também está presente no País como atleta de tiro.

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A dupla, que reside no capital do país, Tbilisi, é o primeiro conjunto entre mãe e filho a disputar uma Olimpíada. O respeito do garoto por Nino Salukvadze, de 47 anos, vai além da relação familiar. A atiradora é celebridade no país, onde é vice-presidente do comitê olímpico local, dona de clube de tiro esportivo e vem ao Rio para disputar pela oitava vez uma edição dos Jogos.

Neste sábado, os dois começam as disputas por medalhas. O filho estará nas competições de 10 metros pistola de ar e 50 metros pistola. Já a veterana tenta o pódio nas modalidades de 10 metros pistola de ar e 25 metros pistola. “Estou muito orgulhosa de ter meu filho junto comigo. Ele também está muito contente. Eu fico mais nervosa por ele. Quando estamos no estande de tiro, sou ao mesmo tempo a treinadora e sua mentora”, afirmou Nino, que tem ainda um filho mais novo.

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Nino Salukvadze e o filho Tsotne Machavariani

A história olímpica nunca teve em uma mesma edição a presença de mãe e filho. Outras coincidências familiares foram mais comuns, como a combinação de pai com filho (56 casos), de mãe com filha (duas vezes) e também de pai com filha (12).

Nesta quarta-feira, Nino e Tsotne treinaram juntos no complexo de tiro, em Deodoro. A mãe controlou a atividade de perto e pediu para o Comitê Olímpico da Geórgia avisar aos jornalistas que os dois não dariam entrevistas pessoalmente. A ordem de Nino é para que ela e o filho não percam o foco antes do início das competições.

Mãe e filho são os únicos representantes do país no tiro esportivo no Rio. A delegação veio com 39 atletas. O novato foi um dos últimos da equipe georgiana a garantir vaga nos Jogos, enquanto que a mãe foi a primeira. “Minha mãe me pede para não ser tão exigente comigo. Acho que essa é a forma dela me acalmar e reduzir meu nervosismo durante as competições”, afirmou.

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A georgiana hexacampeã mundial começou a disputar Olimpíada em 1988, ainda pela União Soviética. Aos 19 anos, conquistou um ouro e uma prata. Nos Jogos seguintes, ela defendeu a bandeira da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), delegação formada por antigos países do bloco soviético. Em 1996, a atiradora passou a representar a Geórgia.

No Rio, ela mostrou empolgação nas redes sociais com a presença na Vila Olímpica. A atleta publicou várias fotos no Facebook, a maioria com os colegas da delegação.

Abraço da paz

A medalha pelo país de origem veio em 2008, um bronze nos 10 metros pistola de ar. No pódio, Nino causou repercussão na terra natal ao abraçar a russa Natalia Paderina na cerimônia de premiação. Naquela época, os países estavam em um conflito no território georgiano de Ossétia do Sul. A Rússia apoiou o exército separatista regional. O combate iniciou dias antes da abertura da Olimpíada em Pequim, em agosto daquele ano.

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Nino Salukvadze e o filho Tsotne Machavariani, do tiro

O gesto de união política e a medalha inédita na China, a única do país no tiro esportivo na história olímpica, renderam à atiradora a honra de carregar a bandeira do país na cerimônia de abertura em Londres, quatro anos depois.

Tsotne torceu à distância pela televisão na ocasião da medalha - era apenas criança. Quatro anos depois, no entanto, já dava seus primeiros tiros. A identificação com o tiro esportivo já era bastante previsível para quem tem na família outro incentivador, o avô Vakhtang Salukvadze, responsável por iniciar a família na modalidade. Nino, por exemplo, aprendeu a atirar aos 15 anos. “Todos os atletas sonham com a Olimpíada. Realizo um sonho. Minha mãe ganhou a primeira medalha dela com 19, mas é bom lembrar que só tenho 18”, comentou o garoto, que tentou esconder a proximidade do aniversário de 19 anos, no próximo mês.

A presença de mãe e filho nos Jogos do Rio não significa que os dois estejam juntos o tempo todo. Embora a disciplina da veterana sirva de exemplo e limite a rotina do novato, na hora das folgas a juventude ainda pesa. “Na Vila Olímpica meu filho costuma ficar mais com outros atletas, não com pessoas velhas como eu”, disse Nino.

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O garoto minimiza a situação de distanciamento nas horas de folga ao revelar que, ao fim dos compromissos no Rio, dependerá da permissão da mãe para ir à praia. “Meu sonho é surfar em Copacabana. Acho que minha mãe vai me autorizar a fazer isso, sim”, contou o atleta do tiro esportivo.

*Com Estadão Conteúdo

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