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O ex-campeão peso-médio do UFC acredita que seu legado no esporte permanece intacto, mesmo com os casos de doping nos últimos anos

Lance

Anderson Silva
Reprodução/Facebook UFC Brasil
Anderson Silva

No auge de seus 44 anos, Anderson Silva já passou por todo tipo de situação em sua carreira e já experimentou as melhores e piores sensações que um lutador pode enfrentar. Apesar disso, o ex-campeão peso-médio do Ultimate segue firme no esporte e, no próximo sábado (11), pelo UFC 237, no Rio de Janeiro, terá mais um desafio pela frente, diante de Jared Cannonier. 

Com 34 vitórias e nove derrotas em praticamente 22 anos de carreira profissional,  Anderson Silva , o "Spider", tem uma trajetória repleta de grandes vitórias e atuações de gala no UFC , como, por exemplo, na histórica vitória sobre Forrest Griffin, em 2009, entre outras.

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Desta forma, o brasileiro acredita que seu legado no esporte está intacto, mesmo com os casos de doping nos últimos anos, em situações que também ocorreram com Jon Jones , outro grande nome da modalidade.

"Eu acho que não (mancha no legado por casos de doping). Tanto eu como o Jon Jones passamos por situações difíceis nesse esporte, e você voltar depois de todas as situações que a gente viveu é mais do que simplesmente amar o esporte, você tem que ser uma pessoa especial. Eu tenho um carinho enorme por ele, sempre que eu posso, converso com ele e passo um pouco da minha experiência. O Jon Jones tem tudo para aumentar ainda mais a história dele no esporte, é incontestável tudo o que ele já fez. As coisas que ele acabou fazendo, as decisões que tomamos, as falhas que não temos controle, nós acabamos pagando por isso - disse o lutador, em entrevista aos jornalistas em uma academia do Rio de Janeiro .

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Confira a entrevista com Anderson Silva na íntegra:

Anderson Silva exibe a bandeira do Brasil
AP
Anderson Silva exibe a bandeira do Brasil após vencer a luta principal do UFC Rio III

- O que o mantém motivado para seguir lutando?

Acho que o foco, a paixão e o amor pelo o que eu faço. É muito tempo fazendo isso, então você precisa sempre se reinventar e se policiar. Se você analisar tudo o que passou dentro do esporte, as situações boas e ruins, eu tenho que transformar isso em um combustível para continuar com garra e concentração para dar o meu melhor.

- O que mudou nesse camp para enfrentar o Jared Cannonier?

Acho que não mudou muita coisa. Todo camp é um time diferente, mas é uma galera que me conhece, sabe até onde posso ir, até onde eles podem me puxar mais, além de estar sempre em sintonia com os outros treinadores. Isso é muito bom.

- Mais uma luta no Rio de Janeiro

Eu estou bem feliz de lutar aqui de novo, principalmente nessa fase da minha carreira. É um grande presente que o UFC está me dando, em uma das minhas últimas lutas da minha carreira, com certeza. É uma honra enorme lutar para os meus fãs.

- O que importa mais atualmente: vencer ou dar show?

Acho que vitória e show estão juntos. Se você está 100% bem, consegue fazer os dois. Lógico que a gente sempre treina meses para vencer. Mas em relação à luta contra o (Israel) Adesanya, até mesmo a luta contra o (Daniel) Cormier, em uma eu estava vindo de uma operação, na outra eu vinha de dois anos sem lutar, contra um cara mais jovem, com um tempo de luta melhor naquele momento. A gente se considerou vitorioso, porque não estamos tão longe de continuar no mesmo páreo dessa garotada. Eu agradeço muito aos meus treinadores por isso. A motivação é você amar o que faz, independentemente dos problemas.

- O que te motivou a aceitar essa luta?

É mais uma luta. Tenho mais algumas lutas no contrato, mas é mais um desafio. É um camp de treino que a gente tem muita coisa para explorar e a gente vai se redescobrindo, vamos conseguindo achar coisas que a gente não imaginava que fôssemos encontrar dentro do treinamento, da preparação física. É sempre uma renovação, sempre estou aprendendo mais. (Sobre o contrato com o UFC) Eu não sei dizer certamente, mas acredito que tenho mais três ou quatro lutas no contrato. Pretendo fazer todas, me sinto bem. Para a alegria de uns e tristeza de outros, eu quero continuar incomodando a galera (risos).

- Ainda pensa em disputar o cinturão?

Lógico que todo lutador que está no UFC pensa no título. Eu já tive toda essa experiência, de ficar nove anos com o título, dez anos invicto, então nada disso é novo. Tudo o que vier agora, a gente absorve como conhecimento. O objetivo é estar bem, fazer o que eu amo, procurar sempre desenvolver o que faço nos treinamentos e poder alegrar os fãs.

- Como foi o processo para aceitar fazer esse combate?

Foi uma negociação. Aí você deixa de lado o atleta e entra o negócio, o business. Foram meses de negociação com o Dana White, mas eu aceitei pelo desafio e também pelas oportunidades que a luta contra o Israel Adesanya me deu.

- Seus casos de doping e os do Jon Jones mancham o legado de vocês?

Eu acho que não. Tanto eu como o Jon Jones passamos por situações difíceis nesse esporte, e você voltar depois de todas as situações que a gente viveu é mais do que simplesmente amar o esporte, você tem que ser uma pessoa especial. Eu tenho um carinho enorme por ele, sempre que eu posso, converso com ele e passo um pouco da minha experiência. O Jon Jones tem tudo para aumentar ainda mais a história dele no esporte, é incontestável tudo o que ele já fez. As coisas que ele acabou fazendo, as decisões que tomamos, as falhas que não temos controle, nós acabamos pagando por isso. Mas nós temos que pensar nas coisas boas. Ele tem todo o meu respeito.

- Descarta uma nova chance de disputar o título até o fim da carreira?

Nunca descarto, porque tudo é possível. É por isso que estou sempre treinando, sempre me mantendo preparado. De 84kg a 93kg, eu estou sempre preparado para lutar. Cada um tem seu espaço, o que acontece muito é que cada um criou um legado diferente desse esporte. Tem muita gente chegando, então eles não entendem que existe um negócio por trás de tudo isso. Na hora de uma escolha, de colocar alguém para lutar, em uma luta importante, eles vão colocar quem vai vender mais. Não importa se o cara é o último do ranking, mas ele vende mais. Essa coisa do ranking não importa muito quando se trata de negócios, é isso que muitos precisam entender, explicou Anderson Silva .