Renato Paiva não teve sucesso no comando do Fortaleza
Mateus Lotif/Fortaleza EC
Renato Paiva não teve sucesso no comando do Fortaleza

A tarde de 7 de dezembro de 2025 entrou para a história do Fortaleza, mas pelo motivo que ninguém no Pici queria. A derrota por 4 a 2 para o Botafogo, no Nilton Santos, na última rodada do Brasileirão, confirmou a queda do clube para a Série B de 2026. Foi o primeiro rebaixamento tricolor desde 2006, interrompendo um ciclo de 19 anos contínuos sem queda.

O contraste com o passado recente é brutal. Há pouco mais de dois anos, em outubro de 2023, o Fortaleza viveu sua noite mais emblemática no cenário internacional: a primeira final continental da história do clube, pela Copa Sul-Americana, contra a LDU. Na época, o time de Juan Pablo Vojvoda empatou em 1 a 1 no tempo normal e perdeu o título nos pênaltis.

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A vaga na final consolidou a imagem de projeto organizado, competitivo e em ascensão, fruto de uma reestruturação iniciada ainda na Série C e coroada com acesso, título da Série B e participações seguidas em competições da Conmebol. Agora, o erro no planejamento resultou no rebaixamento para a Série B da próxima temporada.

1. Planejamento 2025: dinheiro alto, ideias tortas

No papel, 2025 era a temporada para consolidar o Fortaleza como presença constante na Libertadores e na parte de cima da tabela do Brasileirão. O clube abriu o ano com orçamento recorde de R$ 387 milhões e discurso de investimento robusto em elenco. Na prática, o planejamento falhou em quase todas as frentes: perfil de contratações, montagem do grupo e leitura de prioridades esportivas. O resultado foi um elenco mais caro, mas menos competitivo.

2. Renato Paiva e a aposta fracassada no “novo ciclo”

A saída de Juan Pablo Vojvoda, treinador símbolo da reestruturação e das grandes campanhas, já acendia o alerta. Para sucedê-lo, a diretoria apostou no português Renato Paiva. A ideia era manter um técnico “de projeto”, capaz de dar continuidade à identidade de jogo.

Só que o encaixe nunca veio. Em 10 jogos no comando, Paiva somou apenas uma vitória, três empates e seis derrotas, com aproveitamento de cerca de 20%, mantendo o time na vice-lanterna do Brasileirão e ainda acumulando uma eliminação na Libertadores para o Vélez. A demissão em setembro foi inevitável, e também expôs a falta de convicção e de critério da diretoria na escolha e no tempo dado ao treinador.

3. Elenco mais caro, futebol mais pobre

Enquanto o orçamento crescia, o desempenho em campo despencava. O Fortaleza terminou 2025 como um dos times com mais derrotas na temporada entre os clubes da Série A, reflexo de um grupo desequilibrado e com pouca resposta em jogos decisivos.

Sem acertos de alto impacto no mercado, o Fortaleza ficou sem lideranças técnicas que segurassem o time nos períodos de turbulência, algo que, em anos anteriores, foi compensado pela força do coletivo e por um modelo de jogo muito bem definido.

4. Bastidores turbulentos e desgaste na diretoria de futebol

O rebaixamento também expôs fissuras políticas e operacionais na cúpula do futebol. Ao longo de 2025, o clube passou por mudanças importantes na estrutura do departamento, incluindo a saída do executivo de futebol Bruno Costa em abril, após pouco mais de um ano de trabalho. A troca, em um setor que vinha sendo apontado como pilar da reestruturação, contribuiu para a sensação de instabilidade nos bastidores.

5. Reestruturação em xeque, não apagada

O rebaixamento obriga o clube a revisitar suas certezas. Em 2026, o Fortaleza volta à Série B com dois caminhos à frente: tratar o descenso como ponto de ruptura de um modelo, ou como oportunidade de corrigir a rota, recuperar a identidade esportiva e reaproximar elenco, comissão técnica e direção.





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