O principal palco do futebol mundial, o Maracanã, receberá a final da Copa Libertadores da América 2020 neste sábado. O grito de campeão de Palmeiras ou Santos, no entanto, ficará marcado por um silêncio: com a proibição para a entrada de torcedores pagantes por conta da pandemia de Covid-19, a "festa" terá distanciamento social e banho de álcool (em gel).
Fora do estádio, os bares próximos aos Maraca estão se preparando para a decisão, mas o clima não é de celebração. O LANCE! conversou com responsáveis por alguns bares próximos.
- A final da Libertadores esse ano não muda muita coisa para a gente. Temos mesas reduzidas, não poderemos fazer reservas... Várias torcidas de Palmeiras
e Santos
ligaram, mas não poderemos fazer reserva, não podemos liberar a quantidade de mesas além do permitido - contou Lucas Dutra, auxiliar administrativo do bar e restaurante Buxixo Maracanã. Para ele, não será um sábado especial nas vendas.
- Não vai mudar tanto, porque existe um protocolo de segurança. Estamos com medo de muvuca por causa da fiscalização. Estamos segurando a onda, porque não será fácil. Vamos passar o jogo normalmente, mas não fizemos reserva para a torcida. Não podemos correr esse risco.
Além do medo da contaminação de Covid-19, os responsáveis por alguns bares próximos ao estádios também temem possíveis multas e fiscalizações durante a final. E acreditam que a classificação de duas equipes de São Paulo para um duelo no Rio de Janeiro seja um fator extra na baixa expectativa dos empresários para sábado.
- Quando soube que a final seria no Maracanã
, foi maravilhoso. Seria perfeito! Imagina o Flamengo chegando na final de novo, o que era esperado. Ano passado, nossas vendas triplicaram na final. Seria bom demais, casa lotada, mas não aconteceu. Imagina se fosse o Flamengo. Não só os bares aqui perto, mas todos os bares ao redor do Maracanã acreditaram que a final aqui seria a melhor coisa do mundo.
Mesmo com o lamento que não foi o Rubro-Negro carioca o finalista da principal competição da América, Lucas reconheceu que houve procura por espaços onde os paulistas conseguissem curtir a partida com segurança.
Em outro bar perto do Maracanã, Cidália Rosário, sócio-gerente do Bar Varnhagen, o clima de empolgação também não motiva. Para ela, os torcedores brasileiros e estrangeiros já deixaram de fazer mais barulho e diferença na contabilidade do estabelecimento em dias de jogos.
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Cidália lembrou que, em outros tempos, gringos e torcedores nacionais se misturavam e faziam uma verdadeira "torre de babel" futebolística. Sobre a final deste sábado, a empresária prefere ao menos garantir algumas bebidas além do usual.
- Estou na expectativa que o movimento melhore, né? Eu vou comprar umas cervejas para a viagem, mas só vai ter paulista e alguns convidados dentro. Não tenho certeza de nada, mas, se vier movimento, tenho que estar abastecida. Agora, se tivesse com público, seria um enxame de turista.
Os cariocas e paulistas deverão curtir a decisão de formas parecidas: em casa. Independente da forma que os torcedores escolherem, os profissionais garantem que receberão com segurança quem desejar aproveitar a final dentro das medidas contra o coronavírus nas ruas do Rio.
Cidélia e Lucas relataram que ambos tiveram uma queda drástica na receita do bar com a pandemia de Covid-19 e ressaltaram que não há relação direta com o esporte sem público.
- Nossa receita está quatro ou cinco vezes menor com a pandemia em comparação com o ano de 2019. Caiu muito! Não é culpa do futebol, mas a pandemia fez isso. A gente tem boate, restaurante, além do futebol. Nosso movimento é bom mesmo sem o futebol - confirma o responsável pelo Buxixo.
Sem a certeza de alta no movimento com o jogo, eles reconhecem que o protocolo sanitário contra a Covid-19 é um mal necessário. Ao recordarem a vitória do Flamengo em 2019, mesmo com jogo disputado fora do Brasil, os responsáveis por dois grandes redutos de torcidas no Rio falam com alegria da megaestrutura que foi feita.
- Se fosse um time do Rio, teria que ter um preparo diferente, assim como foi na Libertadores e no Mundial. Acredito que dobraria a quantidade de cerveja. Na final do Mundial, o pessoal fez toda uma estrutura mesmo sendo fora do país - diz ela.
Palmeiras e Santos disputam a partida às 17h (pelo horário de Brasília). A Conmebol divulgou que não haverá público pagante no estádio, notícia que não impediu que torcedores de Peixe e Porco planejarem uma verdadeira invasão ao Rio - dentro das medidas de segurança sanitária.
*sob supervisão de Ricardo Guimarães