Com Mbappé citado em notícias acerca de uma denúncia de estupro no hotel em que o craque estava hospedado na Suécia, as atenções se voltam para o país nórdico, de olho nos próximos passos da investigação.
Por mais que alguns veículos franceses apontem que o astro do Real Madrid é o alvo da investigação, ainda não há confirmação do nome do suspeito do caso. A defesa do jogador nega o envolvimento dele em qualquer crime.
Mbappé teria tido relações sexuais com uma mulher enquanto esteve em Estocolmo durante a última Data Fifa. O atleta entende como uma relação consensual. O jornal Le Parisien e o canal RMC Sport detalham a existência de mensagens de texto após o ato que comprovariam a situação.
Lei da Suécia
Permitindo condenações por estupro quando a vítima diz não, e mesmo assim não revida de forma física ou verbal, a lei do consentimento também inclui situações em que a vítima permanece passiva e silenciosa durante o crime, no referido "medo congelado".
Proposta na esteira do movimento #MeToo, a lei revisada introduziu também um novo delito denominado "estupro negligente", que envolve casos em que "alguém deve estar ciente do risco de que a outra pessoa não esteja participando voluntariamente".
Com a revisão da lei realizada em 2020 pelo Conselho Nacional Sueco para Prevenção ao Crime (Bra), foi destacado que o número de condenações por estupro aumentou consideravelmente na comparação entre 2019 e 2017, último ano completo antes da mudança na lei. Foram 333 casos em 2019 contra 190 em 2017, um aumento de 75%.
Na Suécia, uma condenação por estupro resulta em pena de prisão de até seis anos, com período mínimo de três anos. Caso o crime seja considerado agravado, a pena pode alcançar 10 anos. Se tratando de "estupro negligente", a um lei implica numa pena de prisão de até quatro anos.
Ainda falando da lei sueca, o país adota dois níveis de suspeita. Desta forma, os promotores do caso decidem se têm causa razoável (grau mais baixo) ou causa provável (grau mais alto) para suspeitar que um indivíduo cometeu um crime. Segundo o jornal Expressen, o caso de Mbappé é visto como "causa razoável".
Próximos passos do caso
Segundo foi informado pela promotora sueca Malin Kuhn à AFP, os primeiros passos após a abertura da investigação implicam em garantir evidências técnicas e declarações de testemunhas. No hotel em que Mbappé estava, as autoridades recolheram algumas cuecas, uma blusa preta e uma calça de couro, mas não detalharam a quem pertenciam os itens.
De acordo com o jornal Aftonbladet, a denunciante já foi interrogada. Não há informações sobre um possível depoimento do camisa 9. Porém, a defesa do atleta disse a repórteres, na última terça-feira, que ele cooperaria com o caso se assim fosse necessário.
Kuhn explicou que a investigação é mantida em tom confidencial, de forma que nem o suspeito ou a mídia são informados sobre o andamento do caso. A medida é adotada para proteger a investigação e também o suspeito, levando em consideração a chance do caso ser encerrado ainda no início.
Para interrogar Kylian Mbappé, existem algumas possibilidades em caso de necessidade. A mais ideal seria que o atacante fosse para a Suécia, se não for possível ou então o suspeito se recusar a viajar, o país pode solicitar assistência para o interrogatório.
Dentro da União Europeia, a promotora explica que a Suécia pode pedir à polícia local de um país para interrogar o suspeito ou então solicitar que a polícia sueca esteja presente.
Imaginando que Mbappé se recuse a viajar para a Suécia e os promotores avaliarem as evidências como particularmente fortes, também é possível pedir a emissão de um mandado de prisão europeu.