Os advogados de Daniel Alves se concentram, nesse momento, em tirar provisoriamente o jogador da cadeia. Porém, enquanto aguardam o julgamento do recurso , já dão algumas mostras de como defenderão o jogador quando o mérito do caso for analisado.
Na maioria das 24 páginas do recurso enviado, na segunda-feira, ao Tribunal de Barcelona, o advogado Cristóbal Martell apresenta garantias da vontade do jogador de não fugir e ficar na Espanha para provar a sua inocência. Entretanto, ele não perde a oportunidade de questionar as provas recolhidas pela polícia de Barcelona e, pelo menos, duas supostas contradições ou imprecisões da jovem que acusa o jogador.
De acordo com o advogado de defesa, há elementos não coincidentes entre as imagens das câmaras de segurança e o relato da vítima.
O primeiro deles são os dois minutos que decorrem entre o momento em que Daniel Alves entra pela porta do banheiro e a sequência da vítima na sala VIP. "Após falar com seus dois amigos e um garçom", ela vai até aquela porta e "entra sem que Alves abra". Para o advogado, a imagem comprovaria que a jovem em nenhum momento foi forçada pelo jogador a entrar no banheiro e que entrou voluntariamente.
Apesar de alertar que não é o momento de analisar a força das provas existentes, o advogado destaca que há "certos elementos que não são tão óbvios, contundentes e devastadores como o relatório policial tendenciosamente aponta e aceita a ordem de prisão de forma descuidada".
Para Martell não há dúvida de que as imagens "vistas de forma desapaixonada" põem em quarentena "algumas afirmações elevadas quase à categoria de fato comprovado e que se revelam inconsistentes por serem imprecisas".
Outra contradição no depoimento, segundo o advogado, seria nos momentos anteriores ao alegado estupro. Ao falar com a polícia, a jovem diz: "comecei a ter muito medo e sem nada acontecer eu pensei, e se ele colocar alguma coisa na minha bebida? E se eu sair daqui agora e quando sair eles nos pegarem ou algo assim?".
Para Martell, as falas não condizem com o que as imagens mostram, já que a suposta vítima é vista acessando a área VIP com suas amigas e durante 20 minutos o que se vê é “um grupo de cinco pessoas conversando de forma lúdica e festiva, rodeado de muita gente num espaço aberto, que está longe de ser palco de intimidação descrito pela vítima".
Assim, Martell garante que as imagens “refutam da forma mais radical” aquele “clima de terror, pavor ou microcosmo de dominação” descrito pelo denunciante. Sendo assim, para ele, se a jovem descreveu os momentos anteriores de forma "contraditória e imprecisa", "nos permite razoavelmente duvidar que o seu relato sobre o ocorrido na solidão do casal no banheiro possa também ser adornado com elementos idênticos de "narrativa destorcida".