A Justiça da Espanha abriu nesta sexta-feira uma investigação sobre os insultos racistas de torcedores do Atlético de Madri contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior , do Real Madrid , durante o clássico de domingo. A informação foi anunciada pelo Ministério Público Provincial de Madri.
A investigação se concentrará "nos cânticos de conotação racista ouvidos dentro e fora" do Estádio Metropolitano de Madri, conforme indicou o MP em um comunicado, após ação movida pela associação Movimento contra a Intolerância.
No processo, polícia terá que analisar gravações festas durante o jogo para que os torcedores sejam identificados. O Atlético de Madrid informou que também quer saber quem são para expulsá-los caso sejam sócios do clube.
A Justiça quer ir além e saber se essas pessoas têm algum tipo de relação com grupos violentos, ou com movimentos de ideologia extremista, de acordo com o MP.
Segundo o Ministério Público, a investigação também deverá determinar "se mais episódios de conotação racista se repetiram dentro do estádio" contra o jogador. Para isso, solicita aos serviços de segurança do clube todas as informações disponíveis, assim como a súmula da partida.
A torcida do Atlético de Madrid presente no Estádio Metropolitano deu um show de preconceito no duelo contra o Real Madrid, pela sexta rodada do Espanhol. A competição oficial registrou 24 casos de infrações cometidas nas arquibancadas: oito delas foram casos de xenofobia e racismo com o brasileiro, mas houve também cânticos homofóbicos e músicas desejando a morte do time rival.
A lista detalha todos os registros cometida pela torcida da casa. Antes de iniciar o jogo, três ofensas foram registradas: grupos de torcedores bradaram que "Vinícius Júnior é um macaco", chamaram o jogador de "índio de m..." e também cantaram "Vinícius, morra" — estas duas repetidas ainda mais três e uma vez ao longo da partida, respectivamente. Aos 34, foram ouvidos gritos de "tonto" direcionados para o brasileiro, ofensa que pode ser traduzida como "burro".
Os cânticos homofóbicos também fizeram parte do repertório da torcida: quando o goleiro Courtois ia cobrar o tiro de meta, a torcida rival proferia o insulto "cabrón", algo parecido com uma prática de gritar "bicha", comum no futebol brasileiro. Também houve casos de músicas falando que o goleiro era uma "prostituta de cabaré" e que os torcedores do Real praticam sexo anal, outra prática comum nas arquibancadas para insinuar que os rivais são gays de maneira pejorativa.
Os outros casos registrados foram o de arremessos de objetos em campo e de músicas que desejavam a morte dos merengues.