O canal de TV estatal do Irã foi forçado a censurar a partida Tottenham x Manchester United mais de 100 vezes para evitar a exibição das pernas da árbitra assistente, Sian Massey-Ellis.
Em uma tentativa de impedir a exibição da bandeirinha, que usava shorts, a emissora reproduzia aos telespectadores iranianos imagens do Tottenham Hotspur Stadium e das ruas próximas ao estádio.
De acordo com um grupo de direitos civis iraniano, a decisão de censurar as imagens da árbitra inglesa foi para não infringir as rígidas leis religiosas do país. O 'My Stealthy Freedom', grupo que faz campanha contra as leis discriminatórias de gênero no Irã, se posicionou sobre a polêmica.
- Os censores de televisão ficaram abalados com a presença de uma juíza que usava roupas curtas. A solução deles foi cortar a transmissão para as ruas secundárias de Londres, o que ridicularizou o jogo.
Você viu?
- A censura está no DNA da República Islâmica do Irã. Não devemos normalizar essa prática. Esta não é nossa cultura. Esta é a ideologia de um regime repressivo.
Desde 1979, o 'hijab' (acessório que cobre a cabeça e o pescoço, deixando o rosto livre) é obrigatório para as mulheres no Irã como resultado da Revolução Islâmica. As mulheres são obrigadas a usar roupas largas e lenço na cabeça em público, ao passo que, se isso não for feito, as infratoras podem ser presas por 60 dias.
Sian Massey-Ellis também foi alvo de outra polêmica no futebol inglês. Em outubro do ano passado, o atacante do Manchester City, Sérgio Aguero, foi flagrado passando a mão no ombro da profissional que atuava na partida contra o Arsenal.
A bandeirinha mostrou desconforto e retirou a mão do atacante argentino de seu ombro.
Ao ser questionado sobre a atitude de Aguero na entrevista coletiva após a partida, Pep Guardiola, técnico do Manchester City, minimizou a situação.
- Vamos, pessoal. Sérgio é a pessoa mais legal que já conheci na minha vida. Procure problemas em outras situações, não nesta - disse Guardiola.