O garoto Murtaza Ahmadi ganhou fama em janeiro de 2016. Então com cinco anos, o pequeno afegão se tornou viral depois que seu irmão postou no Facebook uma foto dele vestindo uma camiseta de plástico com o nome de Lionel Messi.
Porém, após o sucesso e até o encontro com o jogador argentino, o garoto passou a viver um verdade pesadelo. De acordo com um reportagem publicada pela Bleacher Report, Murtaza e sua família sofreram ameaças, conviveram com o medo de sequestro e o garoto teve até que viver exilado em Cabul, capital do país, longe de sua família e escondido do resto da população.
Isso porque, enquanto em todo o planeta Murtaza era admirado, dentro do seu povo ele passou a sofrer ataques. "Todo mundo estava mexendo comigo, eles me disseram que eu estava usando plástico", lembra o garoto.
Para piorar, as pessoas começaram a pensar que Messi havia dado dinheiro para a família, após duas caixas de pessoas próximas ao jogador chegaram na casa do garoto. “Quando vi as caixas pela primeira vez pensei que uma teria brinquedos para Murtaza e a outra dólares, mas não. Era uma bola e uma camisa", conta Arif, o pai.
Porém, isso não importava, já que boato havia sido espalhado e dava conta que Messi havia enviado uma grande quantia em dinheiro para a família Ahmadi.
“Nossa cultura é baseada na caridade, se um estrangeiro está em contato com ele, deve tê-lo ajudado. As pessoas que passavam pela cidade perguntavam como ele vivia, se Messi tinha nos mandado muito dinheiro. E começou a haver gente rondando a casa à noite. Era muito chato”, lamenta Arif.
A família então pediu asilo e incluiu em sua petição uma carta do Taleban ameaçando capturar a família . O pedido nunca foi aceito. Quando as coisas pioraram, Murtaza recebeu uma passagem para viajar para Doha e conhecer Messi. De mãos dadas com o argentino, o garotinho entoru em campo em um amistoso. “Eu disse a ele (MessI) que queria ficar com ele, que queria brincar com ele. Ele me disse para ir com meu pai, mas eu não entendia a língua dele", aponta o garoto.
Com o encontro, Arif passou a achar que conseguiria asilo na Espanha. "Achávamos que indo para Doha talvez o Messi fosse como Ronaldo", explica Arif, que tinha ouvido a história de Zaid Abdul, um menino refugiado sírio que abraçou Cristiano Ronaldo no Bernabéu e cuja família recebeu asilo. “Fomos a Doha para que Messi pudesse fazer algo por ele. Mas ele não fez nada por Murtaza", apontou o pai.
Ao voltar para casa, de mãos vazias, a realidade parecia um filme de terror. Todos acreditavam que ele tinha muito dinheiro, que sua família estava escondendo a doação. "As pessoas me disseram que recebi muito dinheiro de Messi. E começaram as ameaças de sequestro", explica.
Diante da situação, o garoto parou de ir à escola, de sair e brincar. Sua família o enviou com seu tio para Cabul, a 300 quilômetros de casa. Mas, o medo de sair às ruas juntou-se uma escalada de ataques na capital afegã. Diante disso, Murtaza voltou para casa há alguns meses e ainda convive com algumas ameaças.