Analisar o brasileiro Neymar apenas como um jogador de futebol é algol pobre e parcial, segundo Maureen Flores, doutora em políticas públicas pela FGV e pesquisadora de economia e inovação no esporte.
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Em texto publicado no jornal O Globo , ela avisa que Neymar é uma startup, "um unicórnio comercial que obteve o maior êxito financeiro da história do futebol". Apesar disso, como produto de uma marca, foi para a gaveta.
No mercado do esporte entretenimento, o “jogador-talento”, midiático, é um potencial raro de ser encontrado. Até por isso, clubes, federações, patrocinadores e meios de comunicação investem milhões apostando que serão capazes de utilizar a excelência da performance para criar uma marca que produza bilhões.
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Em outras palavras, é investido milhões em um jogador considerado excepcional dentro de campo para ganhar bilhões com uma marca consolidada.
De acordo com Maureen Flores, o ambiente empresarial oferece alguns exemplos de startups que começaram do zero e hoje valem bilhões, como o aplicativo de transportes Uber (avaliado em US$ 72 bilhões) e o de hospedagens AirBNB (US$ 29, 3 bilhões de dólares).
"Mas também há milhares de outras startups que não sobreviveram. Na verdade, a taxa de mortalidade é infinitamente superior a taxa de sucesso. Portanto, na esfera comercial, por onde trafega o esporte mundial, o que aconteceu com Neymar não é novo nem surpreendente; sob o ponto de vista dos negócios, Neymar é um investimento de risco que interrompeu a curva positiva de rentabilidade", disse no texto.
O camisa 10 da seleção brasileira e do PSG , assim como Cristiano Ronaldo e Messi, por exemplo, são mais do que jogadores, são pessoas públicas, que constroem suas marcas a partir das suas imagens. Mas nem todos os atletas conseguem dar esse salto.
No caso de Cristiano Ronaldo , a marca CR7 vingou e é bem-sucedida; já com relação a Neymar, os alicerces para construção da marca desmoronam.
Entre os 10 jogadores mais bem pagos do mundo, os três primeiros tem força midiática descomunal nas redes sociais: Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Uma postagem de Neymar no Instagram, por exemplo, atinge 117 milhões de pessoas.
Messi tem 119 milhões de seguidores no Instagram e outros 89 milhões no Facebook. Já CR7 lidera com 167 milhões no Intagram e 122 milhões no Facebook.
Para a doutora em políticas públicas, toda marca é construída sobre imagem e atributos. "Uma marca consolidada gera valor. A marca Amazon vale US$ 187,9 bilhões, e a Apple, US$153.6 bilhões. Notem que estamos falando do valor da empresa, mas da marca", diz Maureen no texto.
"No caso de esportistas, os resultados de uma performance diferenciada criam a pessoa pública, que produz a persona cuja imagem/marca comunica preferências, hábitos sociais, vida em família, viés político, ambiental e muito mais. Na sociedade do politicamente correto, a construção da persona/marca custa muito caro, mas deslizes custam muito mais. Imagens arranhadas desconstroem marcas e não retornam o capital investido. Essa é a verdadeira regra do jogo", completou.
Neymar precisa trabalhar para melhorar a sua imagem. E muito.