Ada Hegerberg já tem seu nome escrito na história do futebol feminino. Aos 23 anos a norueguesa acumula troféus e prêmios individuais pelo Lyon, da França, mas o que mais tem chamado à atenção do mundo é sua luta pela igualdade de gênero.
Leia também: Confira as curiosidades históricas da Copa do Mundo de futebol feminino
Natural de Molde, cidade no noroeste da Noruega, Ada Hegerberg iniciou sua carreira no futebol feminino quando ainda tinha 15 anos. Seu primeiro clube foi o Kolbotn IL onde ficou de 2010 a 2011. Nesse período foi eleita a melhor jogadora do ano da Liga Toppserien e a primeira atleta a marcar um hat-trick na competição.
Em 2012 ela e sua irmã mais velha, Andrine, assinaram com o Stabaek. Lá, Ada participou de 18 jogos e marcou 25 gols, terminando a temporada como artilheira do torneio. Todo o sucesso da dupla Hegerberg rendeu um contrato para as irmãs no Campeonato feminino da Alemanha.
Ada e Andrine se transferiram para o Turbina Potsdam em 2013 e após dois vices (um na Bundesliga e um na DFB Pokal), Ada foi contratada pelo Olympique Lyonnais , enquanto sua irmã assinou com o Paris Saint-Germain.
Na França a norueguesa chegou ao auge de sua carreira. Em 15 troféus disputados com o Lyon ela venceu 13, sendo quatro vezes a Liga dos Campeões Feminina, quatro vezes a Copa da França e cinco vezes o Campeonato Francês Feminino.
Leia também: Brasil entra na briga para sediar a Copa do Mundo de futebol feminino em 2023
Nos prêmios individuais, Ada venceu o 2015 Norwegian Gold Ball de melhor jogador de futebol da Noruega - desde 1995 uma mulher não era vencedora dessa premiação; conquistou o BBC Women’s Footballer of the Year de 2017 e 2019; foi eleita a melhor jogadora de futebol feminino na Europa em 2016 e venceu o Ballon D’Or 2018, a primeira bola de ouro entregue a uma mulher na história.
Todos os seus sucessos dentro de campo não a impediram de renunciar à seleção norueguesa por acreditar que as mulheres não recebiam o mesmo tratamento que os homens. Em 2017 ela anunciou a NFF que não iria mais vestir a camisa da seleção. Como resposta a federação assinou um termo com melhorias para a classe como aumento na remuneração.
Porém, Ada ainda não se sente satisfeita e recusou novamente a convocação para a seleção norueguesa. Por esse motivo ela ficará de fora da Copa do Mundo de futebol feminino que será disputada entre junho e julho, na França.
“O futebol é a minha maior paixão na vida e trabalhei muito duro para chegar até aqui. É tão importante para mim que não posso sentar e ver as coisas não irem na direção certa”, disse ela ao BBC Sports após receber o prêmio BBC Women’s Footballer of the Year.
“Ganhar todos esses troféus e ter todo esse sucesso te dá uma voz. Não é sobre mim. Nunca foi sobre mim. É sobre conseguir a mudança para o nosso esporte. Deve motivar muitos outros também. Estamos todos juntos nessa”, acrescentou.
Apesar de sua batalha pela igualdade de gênero , ela ainda sente na pele o sexismo no esporte. Durante a entrega da Bola de Ouro, em dezembro de 2018, o DJ Martin Solveig perguntou se Ada sabia dançar Twerk para comemorar o prêmio, constrangida ela respondeu “não”.
Leia também: Confira a convocação da seleção brasileira feminina para o Mundial de 2019
Em sua fala na premiação, Ada Hegerberg deixou o constrangimento de lado e deu um discurso poderoso. “Criar um prêmio feminino é um grande passo para o futebol feminino. Juntas, nós faremos a diferença. EU termino esse discurso direcionando a palavra às meninas de todo o mundo: por favor, acreditem em vocês”.