A Copa do Mundo na Rússia acabou recentemente e o país já se vê envolvido em mais um caso de racismo dentro do futebol. Dessa vez o preconceito é contra o jogador negro Erving Botaka-Yoboma , russo de nascimento, mas de origem congolesa.
Por conta dos protestos da sua torcida, o Torpedo Moscou decidiu cancelar a contratação do jogador negro , que já já estava praticamente acertada.
Os ultras do clube, conhecidos como Zapad-5, ficaram indignados com a chegada de Erving Botaka-Yoboma e deixaram isso bem claro numa faixa exibida na rede social Vkontakte. "Pode haver preto nas cores do clube, mas só há brancos entre os torcedores".
"Nosso clube, nossas regras", escreveram ainda.
Roman Avdeyev, presidente do Torpedo Moscou, que disputa as divisões inferiores do país, condenou as atitudes dos fãs: "São uns idiotas. A cor da pele nunca foi e nunca será um critério para contratarmos jogadores", comentou.
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Já Alexander Zotov, presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol da Rússia, também foi contra o comportamento dos ultras do time: "O grupo que fez isso não representa os torcedores da Rússia. Pessoas assim existem em todos os países. O Mundial mostrou que somos um povo aberto e acolhedor", falou.
Transferência do jogador negro cancelada
Mesmo com as declarações do presidente do Torpedo Moscou , o clube acabou cancelando a contratação de Erving Botaka-Yoboma e deu uma explicação diferente para essa decisão.
"A transferência do jogador Botaka para o clube foi cancelada devido à nossa política de não pagar por transferências de jogadores. Mais uma vez, reiteramos que a cor de pele nunca foi critério para escolhermos os jogadores do clube. O racismo não tem o direito de existir", escreveu o clube em comunicado.
Erving Botaka-Yoboma tem 19 anos de idade, é zagueiro e jogava na equipe B do Lokomotiv Moscou. O jovem nasceu na Rússia, mas tem origens na República Democrática do Congo.
Não é a primeira vez que implicam com jogador negro
Esta não é a primeira vez que os torcedores do Torpedo Moscou mostram o seu lado mais radical e preconceituoso. Em março de 2015, o clube foi punido com dois jogos de portões fechados e ainda recebeu multa de 4.600 euros depois de os fãs terem entoado cânticos racistas contra o brasileiro Hulk, num jogo contra o Zenit.
A Rússia tem sido palco de várias manifestações contra jogadores de origem africana. Em 2018, o Zenit foi punido pela Uefa com umjogo sem torcida e multa de 50 mil euros depois de manifestações racistas contra um jogador do RB Leipzig.
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Em abril deste ano, o Spartak Moscou também foi castigado pela Federação Russa de Futebol por causa dos cânticos racistas dos seus torcedores contra o jogador negro Nuno Rocha, do FK Tosno.