O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, se manifestou após Vinícius Júnior ser alvo de mais um caso de racismo no Campeonato Espanhol. As injúrias foram direcionadas ao atacante brasileiro durante a derrota dos merengues para o Valência.
Em entrevista coletiva realizada após o término da partida, o treinador italiano afirmou que não queria "falar de futebol", e foi enfático ao dizer que "algo está muito errado" na LaLiga após o jogador da seleção brasileira sofrer ataques mais uma vez.
"Não quero falar de futebol. Vocês querem falar de futebol? Foi mais que uma derrota. Não parece? Eu sou muito calmo, mas aconteceu algo que não pode acontecer. Um estádio gritando "macaco" a um jogador, e um treinador pensar em ter que tirá-lo por isso. Algo está muito errado nesta liga. Nada acontece", exclamou.
Na sequência, ele destacou que Vini é a vítima, que não é possível jogar futebol nas condições apresentadas em partidas como a de hoje e que é necessário paralisar a partida quando casos de racismo são registrados.
"É inaceitável. A LaLiga tem um problema que não é Vinicius, ele é a vítima. O que fazer? Não se pode jogar futebol assim. Eu diria o mesmo se tivesse ganhado. É muito grave. Insultam Vinícius o tempo todo e depois dão vermelho para ele. Estou muito triste", disse.
Entenda o caso
Ao longo do jogo em Valência, torcedores do time da casa chamaram o atacante brasileiro da "macaco" no estádio Mestalla. O caso aconteceu aos 24 minutos do segundo tempo, após simpatizantes do Valência jogarem uma segunda bola dentro de campo e o camisa 20 reclamar.
Avisado, o juiz conversou com os jogadores das equipes e o sistema de som do estádio reproduziu um aviso afirmando que a partida havia sido interrompida devido a um caso de racismo. O jogo ficou paralisado por cerca de 8 minutos.
Já aos 48 minutos da segunda etapa, foi gerada uma confusão dentro da área defendida pelos mandantes. O goleiro Mamardashvili partir para cima do atacante da seleção brasileira e os dois levaram amarelo.
Contudo, no meio do tumulto, Vini foi segurado pelo pescoço, com uma espécie de "mata-leão", por Hugo Duro, também do Valência. Depois, o brasileiro acerta um tapa no rosto do adversário. O VAR vê apenas a agressão do atleta do Real e o árbitro aplica o cartão vermelho.
Vini se pronuncia
Após a partida, o atacante alvo dos ataques usou as suas redes sociais para protestar contra mais um caso de racismo sofrido nos gramados. Ele afirmou que a LaLiga como a Federação Espanhola acham normal os casos de preconceito, e que seus adversários incentivam essas ações.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas", escreveu.
"Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", finalizou.