
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu a sessão que julgava o envolvimento de Bruno Henrique, atacante de Flamengo, em um esquema de manipulação esportiva. A audiência começou por volta de 10h30, desta segunda-feira (10), e foi interrompida às 14h50, após o pedido de vista de um dos auditores do plenário do STJD.
O pleno do Tribunal julgava um recursos tanto da acusação, quanto da defesa do jogador, que já havia sido condenado a 12 jogos de suspensão por suspeita de participar de um esquema de manipulação de resultado, quando foi expulso numa partida contra o Santos pelo Brasileirão de 2023.
No começo da sessão, o pleno do STJD rejeitou, por unanimidade, as alegações dos advogados do jogador sobre a possibilidade de prescrição do caso. Os auditores acompanharam o entendimento do procurador Eduardo Ximenes de que a tese não poderia ser aplicada. A defesa insistia no argumento de que houve perda do direito da Procuradoria de denunciar a infração disciplinar no tempo previsto do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
O fato julgado aconteceu no dia primeiro de novembro de 2023. No entanto, o inquérito policial sobre o caso foi instaurado no dia 7 de maio de 2025. E a entrega da denúncia pela Procuradoria no dia 1 de agosto de 2025.
Sobre o mérito da questão, o procurador enfatizou a materialidade das provas colhidas em mensagens trocadas pelos denunciados e sugeriu o aumento da pena ao jogador. A procuradoria pediu a condenação no artigo 243, do CBJD, que prevê multa de R$ 100,00 a R$ 100.000,00 e a suspensão de 180 a 360 dias.
Em seguida, a defesa de Bruno Henrique alegou que a finalidade de forçar o cartão amarelo era um planejamento do Flamengo no intuito de antecipar uma suspensão do jogador, que estava pendurado e corria o risco de desfalcar o clube numa partida estratégica da competição daquele ano.
O relator do caso, Sérgio Furtado Filho, entendeu que houve ausência de evidências manipulatórias e recomendou a absolvição do atleta no artigo 243-A (atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente) e manteve a condenação no artigo 191, implicando multa de R$ 100 mil.
O primeiro auditor a iniciar o voto sobre sobre o mérito, Marco Aurélio Choy, pediu vista do processo. Em função disso, o julgamento precisou ser interrompido. Um nova reunião do pleno irá decidir uma nova data.
Reta final
O camisa 27 rubro-negro foi punido no começo do mês de setembro, mas vem atuando devido a um efeito suspensivo, enquanto aguardava o julgamento sobre o recurso da defesa.
Na reta final da temporada, o jogador passou a ser peça fundamental na equipe de Filipe Luís. Com Pedro fora após fraturar o braço, BH tem sido o "camisa 9" do Flamengo, que disputa cabeça a cabeça o título do Brasileirão com o Palmeiras. São 6 rodadas para o fim do campeonato nacional.
A sentença do Tribunal não impede que Bruno Henrique dispute a grande final da Copa Libertadores, em Lima, no Peru, contra o rival paulista.

Entenda o caso
O atacante foi condenado e suspenso pela 1ª Comissão Disciplinar por ter forçado um cartão amarelo contra o Santos, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2023, beneficiando apostadores e pessoas de sua família. A suspensão foi proferida no dia 4 de setembro, entretanto, no dia 13 de setembro, o STJD concedeu efeito suspensivo após recurso de defesa do jogador.
Bruno Henrique foi enquadrado apenas no artigo 243-A (atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente), com suspensão de 12 partidas e aplicação de multa no valor de R$ 65 mil reais.
Em contrapartida, foi inocentado das outras três denúncias, nos artigos 243, 191, 184 e 65. Durante o julgamento o atleta alegou inocência em sua única declaração, feita de modo virtual. Além dele, seu irmão Wander Nunes Pinto Júnior e outros três amigos de Wander também foram denunciados.
O jogador vem atuando pelo clube em função de um efeito suspensivo. Situação que gerou forte crítica da mídia esportiva.