Ronaldo pediu à mesa diretora que leve à votação novas exigências para que ele compre 90% das ações da SAF
Foto: Gustavo Guimarães Aleixo / Cruzeiro
Ronaldo pediu à mesa diretora que leve à votação novas exigências para que ele compre 90% das ações da SAF

A aquisição da SAF do Cruzeiro por  Ronaldo se transformou em crise política. Em documento com quatro páginas de papel timbrado, a Mesa Diretora do Conselho Deliberativo criticou duramente a forma como o processo vem sendo conduzido pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues e ainda classificou a negociação como "extremamente lesiva e desproporcional" para o clube e "excessivamente benéfica" para o empresário. De quebra, expõs informações do contrato protegidas sob cláusula de confidencialidade, o que abre possibilidade para o grupo do ex-jogador romper o acordo.

Veja abaixo galeria de fotos de Ronaldo:


"Entendemos que a negociação capitaneada pela XP e com a anuência do Presidente Sérgio Santos Rodrigues é, de um lado, extremamente lesiva e desproporcional ao Cruzeiro, e, de outro, excessivamente benéfica ao Ronaldo, motivo pelo qual buscamos um reequilíbrio de todas as questões envolvidas no negócio", diz trecho do comunicado.

O posicionamento foi dado dois dias após Ronaldo pedir à mesa diretora que leve à votação duas novas exigências para que ele assine o documento definitivo da compra de 90% das ações da SAF. A principal e mais delicada delas é a transferência para a Sociedade Anônima das Tocas da Raposa I e II, onde treinam as equipes de futebol profissional e de base.

Apesar de todas as contestações, a mesa diretora não se opõe à transferência. Mas expressa preocupação com eventual prejuízo para o clube.

"Com a concretização desta negociação, nos termos defendidos pela XP e pela presidência do Cruzeiro, corremos um risco real de, ao final, termos um Cruzeiro sem patrimônio e sem qualquer representatividade e força dentro da SAF, com possível diluição de sua participação acionária".

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No modelo original de conversão em SAF aprovado no ano passado, as Tocas permaneciam como propriedade da associação esportiva. No entanto, o ex-jogador as quer como contrapartida à SAF assumir o pagamento de uma dívida do clube com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. São impostos não pagos à União e que já vem sendo pagos há alguns anos.

Em outubro de 2020, um acordo permitiu seu parcelamento em 45 vezes e ainda garantiu desconto de 45%. Só que, se no primeiro ano as parcelas eram de R$ 350 mil, com o tempo este valor vai crescendo significativamente. Hoje, o pagamento mensal à União já é de R$ 1 milhão. A Toca I foi dada como garantia do acordo. Ou seja, se o pagamento for interrompido, há o risco de perdê-la.

Os conselheiros afirmam ainda que foram apresentados à proposta de compra da SAF dois meses após ela ter sido tornada pública. Eles dizem ter observado "com lamentação" que Ronaldo não iria assumir as dívidas do Cruzeiro, avaliadas em torno de R$ 1 bilhão. O ex-jogador ficaria com 90% das ações da SAF com o compromisso de injetar R$ 50 milhões no momento da concretização da compra e mais R$ 350 por meio de receitas que eles chamam de "incrementais". No caso, explicam, aquelas geradas pela própria gestão da Sociedade Anônima.

O comunicado também aponta que contrato prevê que "todo o plantel - composto por mais de 100 jovens jogadores - seria da SAF, a marca do Cruzeiro seria explorada pela SAF, com exclusividade e sem qualquer contrapartida financeira e a totalidade do passivo do Cruzeiro deveria ser reestruturado e liquidado pelo próprio Cruzeiro, que também deveria regularizar e alienar seus ativos imobiliários não essenciais ao seu funcionamento".

"Assim, neste novo formato, passaria a caber ao Cruzeiro, assessorado pela XP, 10% da SAF, a liquidação de seu passivo inclusive com a venda de seu patrimônio imobiliário para tanto, à exceção da dívida tributária que passa a ser do Ronaldo e este, em contrapartida, recebe as Tocas I e II", continua o texto.

A proposta de Ronaldo (que além da transferência das Tocas solicita autorização para dar entrada num processo de recuperação judicial) precisa ser avaliada e votada pelo Conselho Deliberativo do Cruzeiro. O edital de convocação deve ser apresentado nos próximos dias. Ele deverá marcar a reunião para duas semanas a partir de sua publicação.

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