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Bolsonaro participou de jogo beneficente na Vila Belmiro
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Bolsonaro participou de jogo beneficente na Vila Belmiro

O fato do presidente da República Jair Bolsonaro (Sem partido) ter ratificado seu apoio à volta do público nos estádios do Campeonato Brasileiro foi recebido com preocupação e desconfiança entre as autoridades de saúde e pessoas ligadas ao futebol diante da escalada da Covid-19 no país. Bolsonaro frisou que há um parecer favorável do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para que a cada jogo seja disponibilizada venda de 30% da carga de ingressos do estádio. 

- Opinião particular, não. Eu não sou cidadão e presidente. Sou presidente 24 horas por dia. Conversei com o ministro (Eduardo) Pazuello, acho que há uns dois meses, e ele deu parecer favorável, àquela época, de 30% do estádio voltar a ser ocupado por torcedores. Não sei porque a CBF resolveu adiar essa decisão - afirmou, em entrevista coletiva após participar do jogo beneficente "Natal Sem Fome", na Vila Belmiro.


Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que "apresentou parecer favorável ao plano de estudos proposto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a volta de parte do público aos estádios do Brasil". Além disto, ressaltou que "a abertura, em um primeiro momento, deve ser para até 30% da capacidade dos estádios - podendo ser aumentado posteriormente - , conforme decisão do gestor local, que, dentre outros aspectos, levará em consideração a variação da curva epidemiológica, a taxa de ocupação de leitos clínicos e leitos de UTI e a capacidade de resposta da rede de atenção à saúde local e regional".

Além disto, o Ministério ressaltou que "a abertura deverá ocorrer mediante protocolos que devem ser estabelecidos com o objetivo principal de zelar pela saúde física e mental, assim como o bem-estar de todos". A bola também foi passada para as autoridades de cada região e os clubes: "As medidas de segurança serão determinadas localmente entre os times de futebol e a administração local, envolvendo os setores de segurança pública, saúde e outros necessários para sua implementação e fiscalização.

Professor titular da UFRJ, o epidemiologista Roberto Medronho foi categórico em relação à possibilidade de retorno de público ao estádios neste momento.

- O futebol é uma atividade considerada como não-essencial e estamos em um momento de aumento de casos de Covid-19. A curva é ascendente, semelhante ao que houve entre fim de abril e início de maio. Por isto, seria uma imprudência e até uma irresponsabilidade abrir os estádios para volta do público, mesmo com um número reduzido agora - afirmou.

De acordo com dados do Consórcio "G1", "O Globo", Extra", "O Estado de São Paulo" e "UOL" com dados das secretarias estaduais de saúde, na última terça-feira foram registradas 1.075 mortes no intervalo de 24 horas. Ao todo, 192.716 faleceram de Covid-19 no Brasil. Também foram confirmados 57.227 novos casos de pessoas que contraíram o vírus até o momento, totalizando 7.564.117 de infectados no país.

SÃO PAULO E RIO: JOGOS SÓ COM PORTÕES FECHADOS

A opinião de Jair Bolsonaro diverge também de órgãos governamentais do eixo Rio-São Paulo. Por meio de nota, a Secretaria de Esportes do Governo de São Paulo ressaltou que "os protocolos para retomada do futebol foram integralmente aprovados e liberados pelo Centro de Contingência do Coronavírus". As medidas preveem testagem frequente, isolamento de possíveis atletas ou outros profissionais com diagnósticos positivos e até cancelamento de partidas.

A Secretaria mantém seu ponto de vista quanto à presença de público:

"Todas as atividades da modalidade, como treinamentos e competições, que têm autorização para retorno, deverão acontecer sem a presença de público, e não há previsão de liberação nesse sentido. O Governo de São Paulo mantém contato frequente com federações, clubes e entidades esportivas para evitar a disseminação da doença".

A Secretaria de Saúde de São Paulo registrou na última terça-feira 293 novas mortes e confirmou 12.477 novos casos de Covid-19 em um intervalo de 24 horas. O total é de 46.195 óbitos e 1.440.229 infectados.

Secretário estadual de Saúde do governo do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Chaves reforça que não há uma projeção para que as portas dos estádios sejam reabertas aos torcedores no estado.

- São apenas conjecturas, opiniões, não há nada confirmado. A Vigilância Sanitária vai nos ajudar a dizer quais serão nossos próximos passos em relação ao combate à Covid-19. Em relação ao futebol, não há uma decisão da CBF sobre a abertura para público, por isto, as partidas seguem com portões fechados - declarou.

No mais recente boletim, o Rio teve 69 mortes e 4.585 casos de infecção por Covid-19 em um intervalo de 24 horas. Houve confirmação de 25.078 falecimentos e 426.259 pessoas que contraíram Covid-19.

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CBF E CLUBES: RETORNO SÓ COM SEGURANÇA... E EM TODAS AS REGIÕES!

O assunto também não está em pauta com clareza no momento na CBF. A assessoria da entidade confirmou que a decisão tomada na reunião por videoconferência realizada em 26 de setembro com dirigentes de clubes e de Federações segue valendo. Por unanimidade, 19 clubes da Série A (apenas o Flamengo não participou) mantiveram o veto à presença de torcedores, como previsto na Diretriz Técnica Operacional de Retorno das Competições em relação ao combate à Covid-19. 

À época, o mandatário da CBF, Rogério Caboclo, e presidentes de clubes condicionaram a volta ao público em jogos no Brasileirão caso haja permissão de autoridades locais para todos os 20 participantes receberem torcida.

Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior falou à reportagem sobre a chance de volta do público diante do impacto da Covid-19.

- O Grêmio só sentirá segurança para jogar quando as autoridades sanitárias derem todas as condições para que nenhum atleta ou funcionário corra risco. Caso haja o aval das autoridades, há outra condição: jogaremos com torcida em competições nacionais desde que seja parelho entre todas as praças. Todos os estados precisarão estar em condições para que os estádios possam receber público - afirmou.

O mandatário do Ceará, Robinson de Castro, reforçou que a liberação para parte do público só pode acontecer de maneira isonômica.

- As autoridades de saúde e governamentais nos dirão quando poderemos receber torcida. Porém, isto também passa por um consenso que tivemos com a CBF. É necessário este aval para todos os clubes envolvidos na competição. Caso contrário, há chance de um desnível técnico - disse.

EPIDEMIOLOGISTA ALERTA PARA LOGÍSTICA DO JOGO E CONDUTAS

Especialista em saúde pública, Roberto Medronho detalha outras preocupações com a rotina que envolve as partidas de futebol. A logística em torno dos jogos é um empecilhos.

- Estamos em um momento de mar revolto, no qual aglomerações como as partidas podem acentuar o risco de uma série de infecções e até mortes pelo novo coronavírus. No caso de um clássico e de jogos que envolvem times de ponta, torcedores vão de ônibus, trem, metrô... Aumenta o número de pessoas que se desloca até o local da partida em um ambiente fechado - destacou.

A conduta dos torcedores também é vista com desconfiança pelo especialista.

- Ao sair um gol, um torcedor aqui não tende a apenas a ficar no seu lugar e bater palma. É instintivo. Há o risco dele sair pela arquibancada para abraçar uma pessoa que pode não ser o seu familiar ou alguém com quem convive em sua casa. Dar margem para estas situações em um momento de crescimento da curva do vírus é extremamente preocupante - disse.

Medronho alerta que a fiscalização é essencial quanto a outro comportamento.

- Caso os torcedores não permaneçam de máscara durante o jogo, há um risco muito maior de se espalhar o novo coronavírus. Quando alguém canta a plenos pulmões ou grita, as gotículas flutuam no ar e ultrapassam os dois metros de distância que são sugeridos de isolamento social - ponderou.

A preocupação do epidemiologista é vista também em relação a cada fim da partida.

- É necessária uma organização para a saída deste público do estádio. O que vemos geralmente é uma leva de torcedores saindo praticamente junta assim que o árbitro dá o apito final. Não é algo setorizado e vai muita gente para os mesmos transportes públicos - disse o professor titular da UFRJ.

Roberto Medronho esclarece que a chegada de uma vacina para combater a Covid-19 não significará o fim imediato dos cuidados.

- Mesmo com a chegada da vacina, precisaremos de algum grau de segurança. Manter os protocolos de higienização, evitar aglomerações, ficar um pouco mais em casa... - e falou sobre o momento do país:

- Cogitar uma volta do público aos estádios diante dos índices atuais é impensável - completou.

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