A acusação de racismo do volante do Flamengo Gerson
contra o colombiano Ramírez
virou tema entre os torcedores, nesta semana. Contudo, outro caso polêmico do meia colombiano do Bahia
ficou conhecido entre os brasileiros. Emprestado ao Tricolor pelo Atlético Nacional
, da Colômbia, Ramírez
perdeu espaço em seu país após comentar publicamente uma insatisfação com um ex-treinador: "não me sinto bem".
Você viu?
O Jornal LANCE! conversou com o jornalista Ángel Julio Rodelo
, colunista da Rádio Antena 2, da Colômbia, e comentarista esportivo na RCN Rádio
, para entender melhor a confusão que envolveu a promessa colombiana e o ex-treinador do Atlético Nacional
. No começo deste ano, Índio Ramíre
z detonou seu comandante e perdeu espaço no elenco.
"É um jogador que teve seu momento no Atlético Nacional. Índio Ramírez
reclamou da continuidade, não queria ficar rodando (o elenco, variando entre reserva e titular)... É sabido que Carlos Osório
, que mantém uma filosofia de trabalho, pediu continuidade, não queria ficar rodando. De qualquer forma, é uma das grandes promessas do Atlético Nacional
e isso gerou um inconveniente com Osório
", confirmou o jornalista.
Osório
ficou conhecido no Brasil
após treinar o São Paulo
, em 2015. Aos 59 anos, o treinador colombiano possui um sistema tático de variar suas escalações conforme o adversário. A inquietude de Ramírez
acabou gerando desgastes
com o técnico, que deixou o Atlético
no começo de novembro.
A confusão aconteceu em fevereiro deste ano. Ramírez
concedeu entrevista à uma rádio local, onde revelou ter se sentido "descartado" e afirmou não se "sentir bem" no clube. O meia rodo em alguns times antes de chegar ao Bahia
e teve poucas oportunidades no Naciona
l.
Pouco antes de ser novamente emprestado, Ramírez
chegou a dar entrevistas públicas criticando Osório
e sua rotatividade. O atleta, tido como uma joia do país e figura constante na convocação das seleções de base, desejava mais ritmo de jogo e sequência, algo que conquistou aos poucos com Mano Menezes
, no Brasil.
De acordo com Ánge
l, embora Ramírez
tenha exposto a situação de infelicidade no Atlético Nacional
aos torcedores, o comportamento do jogador era constante e regular.
" Ramírez
, na verdade, não extrapola muito
, simplesmente algo normal de disputa entre jogadores, comissão técnica. Quem sabe uma profundidade midiática afetou este caso", disse ele, que seguiu:
"Ele é um caso normal. É um caso similar ao de outros: jogador jovem, com talento, tratado como um dos melhores na seleção, ganhou títulos nacionais e continentais, como a Libertadores
... Se me perguntar se é um grande jogador, te afirmo que sim. Técnico e que promete muito ao nosso país."
ENTENDA O CASO COM GERSON
O meio-campista Gerson
, camisa 8 do Flamengo
, denunciou o suposto caso de injúria racial
durante uma confusão na partida. Enquanto o Rubro-Negro
, que venceu o Bahia
por 4 a 3, ganhava o jogo antes de tomar a virada, uma confusão mobilizou os jogadores no Maracanã.
Gerson
diz que escutou de Ramírez
os dizeres "Cala a boca, negro"
. A frase revoltou alguns atletas, porém, nada foi feito no momento. Em súmula, o juiz da partida relatou que não foi avisado - embora seja possível ver nas imagens do jogo que Gerson conta a jogadores, treinadores e árbitros do jogo.
NOVA CULTURA: RACISMO É POUCO COMENTADO NA COLÔMBIA
No Brasil desde novembro, Ramírez
afirmou em vídeo que não sabe português o suficiente para ter dito algo racista, assim como afirmou não ter entendido o que disse Gerson à ele. Índio negou que tenha falado a frase racista.
O LANCE! questionou o jornalista colombiano se casos assim são debatidos no país. De acordo com ele, situações de racismo são pouco faladas na região onde vem o jogador.
"Nunca teve maiores problemas de indisciplina. É um homem profissional que tem um temperamento, que precisa ser respeitado. Agora, o tema do racismo não foi muito explorado por aqui."
O Flamengo
e o volante seguem se manifestando contra o suposto ataque racial. O clube criticou o racismo estrutural no esporte e pediu justiça pelo caso, que deve ser levado ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva
. Gerson
, nas redes sociais, comentou que "sua voz não será calada"
. O Bahia
afastou o jogador.