MArcelinho
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A ligação entre política e esporte no Brasil é forte, e o período de eleições é terreno fértil para uma série de personalidades ligadas a clubes e federações, além de atletas consagrados em suas modalidades tentarem a sorte nas urnas. Neste último domingo, eleitores de todo o país tiveram como opções de voto para vereador e prefeito ex-jogadores, dirigentes e até campeões olímpicos, mas foram poucos os que, de fato, conseguiram angariar a preferência dos brasileiros. Destaque para um dirigente do Flamengo

Em São Paulo, dois medalhistas olímpicos não conseguiram se eleger. Candidatos a vereadores, o ex-ginasta Diego Hypólito (PSB) e a ex-atleta do salto em ditância Maurren Maggi (DEM) tiveram 3.783 e 6.226 votos, respectivamente, números insuficientes para chegar à Câmara.

Dois ícones do Corinthians tiveram o mesmo destino: Marcelinho Carioca (PSL, 7.571 votos) e Dinei (Republicanos, 2.956) também ficaram de fora.

As urnas foram mais gratas com dirigentes, pelo menos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Os cariocas elegeram Marcos Braz (PL) , vice de futebol do Flamengo, ao cargo de vereador. Ele recebeu 40.938 votos, o sexto mais votado. Segundo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, Braz não deixará o cargo no Rubro-Negro, mesmo com o novo posto. Na capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), ex-presidente do Atlético-MG, foi reeleito prefeito com folga : recebeu 63,36% dos votos válidos, contra apenas 9,95% do segundo colocado, Bruno Engler (PRTB).

Se Braz foi bem sucedido na empreitada, o mesmo não se pode dizer de dois ex-dirigentes do Fla que disputaram a prefeitura do Rio. Eduardo Bandeira de Mello (REDE), ex-presidente do clube, ficou 2,48% dos votos válidos, enquanto Fred Luz (NOVO), diretor-executivo na gestão de Bandeira, veio logo atrás, com 1,76% dos votos.

Outro ex-presidente de clube carioca, o ídolo máximo do Vasco Roberto Dinamite (DC) levou apenas 1.995 votos e não se elegeu vereador no Rio.

Entre outras candidaturas frustradas estão a do ex-zagueiro cruz-maltino Odvan (MDB), com apenas 228 votos computados em Campos dos Goytacazes; o ex-atacante do Fluminense e do América Somália (PP), com 2.256; além do ídolo palmeirense Ademir da Guia (MDB), que levou apenas 744 votos.

Especialista explica tentativas

A crescente procura dos partidos por esportistas e famosos a cada nova eleição tem explicação. Tudo passa pela "cláusula de barreira", uma regra eleitoral que dificulta para os partidos políticos conseguirem vagas.

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Até 2018, o coeficiente eleitoral para as cadeiras no Congresso, Câmara e Assembleias era baseado no número de votos das coligações partidárias. Ou seja, alianças eram feitas para blocos ocuparem o maior número de cadeiras possíveis. Após a reforma, a regra mudou para 2020 e a escolha passou a ser individual: cada partido tem o seu coeficiente próprio, o que faz a busca por celebridades em geral — não apenas jogadores de futebol ou atletas famosos — aumentar.

— Está muito mais difícil hoje para os partidos conseguirem cadeiras dentro das câmaras e por isso que estão chamando mais pessoas do futebol. Como é um esporte de massa e grandes torcidas, a ideia é juntar esses eleitores para aumentar o coeficiente eleitoral — conta Paulo Nicolli Ramirez, sociólogo da ESPM.

Essa busca por quantidade de votos também explica porque tantos atletas são chamados mesmo com chances mínimas de serem eleitos: mesmo sem o cargo, o número de votos continua valendo para a legenda, que tem mais chances de conseguir cargos.

Se somadas as estimativas das duas maiores torcidas do Brasil, de Flamengo e Corinthians, de acordo com pesquisa Datafolha de 2018, são de 69 milhões pessoas. Para qualquer partido político, este número é bem atraente.

— Geralmente, os partidos buscam jogadores que tenham sido mais midiáticos e polêmicos. Em São Paulo, por ter maior torcida, houve mais jogadores do Corinthians se candidatando. No Rio, ligados ao Flamengo. Acontece isso porque a representatividade no Brasil (com partidos políticos) é muito baixa — completa o sociólogo.

Experiência

São muitos os casos de jogadores que seguiram uma espécie de caminho natural do esporte para o plenário. É o caso de Deley, ídolo do Fluminense. O ex-jogador acumula quatro mandatos como deputado federal (três por eleição direta e um como suplente). Ex-articulador de jogada nos campos, decidiu entrar no jogo político após um período como Secretário de Esporte e Lazer da cidade de Volta Redonda.

Deley não recomenda a vida na política a qualquer colega do esporte, mas apoia quem quiser seguir o caminho.

— Depende muito da inteligência pessoal de cada um. É uma vida muito mais complicada que no futebol. Você tem que se envolver em outros assuntos e estudar para tomar opiniões. Hoje me sinto um privilegiado. Eu falo que consegui duas coisas na vida, que foi jogar futebol e ter quatro mandatos de deputado federal, que não é para qualquer um.

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