Homenagem a Noriharu Honda, torcedor símbolo da invasão corintiana ao Japão
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Homenagem a Noriharu Honda, torcedor símbolo da invasão corintiana ao Japão

A fidelidade da torcida do Corinthians com o seu time do coração é amplamente conhecida e valorizada. Porém, essa paixão ganhou um capitulo a parte, em dezembro de 2012, quando o mundo pode acompanhar uma verdadeira invasão ao Japão . Nunca tantos torcedores de um mesmo clube viajaram de um continente a outro só para ver seu time jogar.

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Entretanto, esse marco não tem entre os seus personagens principais aqueles que estiveram em campo, mas sim, alguns desconhecidos que ajudaram a escrever, fora dos holofotes, essa bonita história. Entre eles está Noriharu Honda , que morreu de infarto, no início de abril, em São Paulo, e que, desde lá, vem ganhando homenagens por parte de torcedores. A última delas partiu do valorizado tatuador e grafiteiro Marcos Vinícius Gonçalves, o Markone.

O artista, que já atendeu nomes de peso como Criolo, Emicida e Badauí, vocalista da banda CPM 22, produziu uma bandeira para eternizar “Seu Honda”, como era conhecido um dos mais valorizados integrantes da Gaviões da Fiel. Além do seu nome, de uma representação do seu rosto e do tradicional gavião, símbolo da organizada, a arte em sua homenagem conta com o escrito “eternamente”, em português, dentro do círculo vermelho presente na bandeira do país nipônico. Antes, a Fiel Belo Horizonte, sub-sede da torcida em Minas Gerais, também já tinha confeccionado um material com o rosto de Noriharu.

Adorado dentro da organizada, o nipo-brasileiro tinha a gratidão pela grande ajuda que deu aos torcedores que atravessaram o mundo, muitos deles sem dinheiro, para assistir o Corinthians no Mundial de Clubes da FIFA. Então morador daquele país em 2012 , Noriharu, ao lado do filho e de outros membros da Sub-Sede Japão, deram todo tipo de auxílio aos corinthianos que se aventuraram para acompanhar o time.

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Homenagem a Noriharu Honda, torcedor símbolo da invasão corintiana ao Japão
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Homenagem a Noriharu Honda, torcedor símbolo da invasão corintiana ao Japão

“Ele, juntamente com a torcida aqui do Japão, auxiliou muita gente a conseguir o visto, deu informações do país e dicas do que poderia ou não fazer. Além disso, também ajudou a conseguir um local de hospedagem para cerca de 80 integrantes da Gaviões que vieram da quadra. A gente conversou com o dono de um hotel desativado, na cidade de Toyohashi, e ele aceitou liberar os quartos. Toda a sub-sede se empenhou para proporcionar o máximo de facilidade possível”, revela Leonardo Honda, filho de Noriharu, que, atualmente, trabalha em uma empresa de demolição no Japão.

Ricardo Tomita, que também conviveu diariamente com Noriharu no país nipônico, lembra que o torcedor nunca se negou a ajudar e era considerado por todos como um “paizão”. “Qualquer coisa que você pedia, ele ajudava na hora. Lembro na época do mundial que ligavam para a sub-sede para informar que tinha torcedor do Corinthians dormindo na estação. O Seu Honda e o pessoal saíam de madrugada para buscar essas pessoas e arrumavam local para eles comerem e dormirem. Ele também levou muito torcedor para conhecer a neve e pontos turísticos.  Ficamos um mês sem trabalhar só para ajudar os torcedores que foram ao Japão. É por essa dedicação que o Seu Honda foi abraçado por toda torcida”, diz.

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O desejo de Noriharu voltar ao Brasil, aliás, aumentou após esse momento vivido no mundial. Durante a breve passagem, o torcedor conheceu muita gente e passou a manter contato diário com os novos amigos. Em 2013, Noriharu e Leonardo retornaram ao Brasil e foi quando o pai se envolveu ainda mais com a Gaviões, a Velha-Guarda da torcida e o Carnaval. “Nós viemos para o Japão pela primeira vez em 2001 e ficamos até 2013. Depois, eu tive que retornar para cá e ele, muito envolvido com a torcida, resolveu ficar no Brasil. Meu pai se identificou demais com a Gaviões, começou a frequentar direto os jogos e a quadra. Virou um verdadeiro vício. Ele fez a vida dele em prol do Corinthians. Esses últimos anos viveu do time e da Gaviões. Morreu fazendo o que gostava e cercado de pessoas que gostavam dele”, lembra Leonardo. Dias antes do falecimento, aliás, Honda participava do “Coringão na Madrugada”, movimento que entrega comida para moradores de rua.

Apesar de saber do apreço que os torcedores tinham com o seu pai, Leonardo conta que ele e a família ficaram muitos surpresos e agradecidos pelo apoio que receberam após a morte. “Minha família sempre soube que meu pai ia para lá e para cá acompanhando o Corinthians, mas, nunca imaginou o tanto de carinho que as pessoas tinham por ele. A gente se surpreendeu bastante, foi muito bonito, todo mundo se emocionou. O sentimento em relação as homenagens foi o melhor possível, reconfortante. Todo esse carinho tirou muito a tristeza da perda e acabou facilitando para passar por esse momento”, comenta.

O apoio inesperado foi ainda mais imprescindível, já que o filho não conseguiu voltar do Japão a tempo de acompanhar o velório e o enterro. Fora as restrições de viagens por conta do coronavírus, o brasileiro teria que ficar 15 dias de quarentena, o que impediria qualquer contato. Morador de Aichi, o brasileiro segue trabalhando naquele país, mesmo após a localidade entrar em estado de emergência por conta do Covid-19. “Apesar das escolas terem parado, continuamos trabalhando. Mas, as pessoas não saem as ruas sem necessidade. O japonês tem essa consciência. O governo não precisa impor uma quarentena. O povo compreende que não pode. Por aqui, está igual o Brasil. Os casos vêm aumentado e a gente vai se cuidando como pode”, conta ele, confirmando que existiu uma dúvida sobre a morte do pai ter ocorrido por conta do vírus, mas, a possibilidade foi descartada.

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