O caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho e Assis, que nesta terça tiveram o pedido de prisão domiciliar negado pela Justiça, é cercado de interrogações. De todas elas, nenhuma parece intrigar tanto quanto a motivação por trás da obtenção dos passaportes paraguaios. Afinal, de acordo com as regras do Mercosul, apenas a identidade brasileira já é suficiente para o ingresso no país. As investigações, no entanto, já apontam um caminho. E ele mostra a falsificação de documentos como a ponta de um iceberg que envolve evasão cambial e lavagem de dinheiro.
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Este esquema seria liderado por Dalia López, a empresária que convidou Ronaldinho para Assunção. Os eventos combinados entre Assis, Wilmondes Sousa Lira (seu empresário e amigo) e a socialite seriam apenas fachada para justificar a presença dos irmãos no Paraguai.
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A investigação é movida pela Subsecretaria de Estado de Tributação do Paraguai (SET). O EXTRA apurou detalhes envolvendo Ronaldinho. Ela aponta que os irmãos foram ao país com o intuito de ingressar em um esquema de lavagem de dinheiro. Para isso, seria usada uma empresa de bolsas. Ainda de acordo com os investigadores, Assis seria o responsável pela entrada no negócio.
Toda esta engrenagem começou a ser revelada pelo jornal “El Independiente”. Segundo a publicação, Dalia opera um esquema que transfere dólares para os Estados Unidos e os repatria de forma clandestina. O Brasil seria parte importante desta rota, já que o dinheiro cruza a fronteira dentro de caminhões com cigarros e só então é incorporado ao sistema bancário.
A Fundação Fraternidade Angelical — da qual Dalia é presidente e que lançaria o Programa Saúde Móvel para Meninos e Meninas com Ronaldinho como garoto-propaganda — nasceu justamente para fazer parte do esquema. Assim como a Brasil Paraguai Investimentos, empresa criada por Wilmondes em 2019 em nome de sua mulher Paula Lira. É através dela que os irmãos Assis entrariam como sócios no negócio, que ao todo movimentaria US$ 400 milhões (R$1,8 bilhão). Por isso o interesse em se naturalizar e obter os documentos.
Sérgio Queiroz, advogado de Ronaldinho e de Assis, não respondeu ao contato da reportagem. Já o vice-ministro Oscar Orué, da SET, não quis dar detalhes para não comprometer a investigação.
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– Só posso dizer que, ao todo, são oito empresas vinculadas (ao esquema).