Os bastidores do Cruzeiro têm deixado o mês de dezembro bem agitado no noticiário, normalmente mais “devagar” com o fim da temporada de futebol. Desta vez, uma possibilidade real de renúncia de Wagner Pires de Sá da presidência da Raposa parece ganhar força no clube, com a pressão interna e dos torcedores.
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Esse cenário tem feito Pires de Sá pensar na sua saída da presidência após diversas reuniões na sede administrativa do Cruzeiro nesta segunda-feira, 16 de dezembro.
Wagner até aceita deixar o cargo, mas somente se o grupo de empresários que se apresentou ao clube para formar um conselho gestor, documente o projeto que tem para ajudar a Raposa neste momento complicado de suas finanças.
O conselho gestor que assumiria o clube, informação veiculada inicialmente pelo Superesportes, teria Pedro Lourenço, dono dos Supermercados BH, Emílio Brandi, que comanda uma rede atacados e sobrinho do ex-presidente do clube, Felício Brandi. O terceiro nome não foi revelado.
O presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, José Dalai Rocha, tem negociado a saída de Wagner uma forma de acalmar os ânimos e abrir caminhos para outras pessoas intervirem e não deixar a marca Cruzeiro se afundar ainda mais após um ano de 2019 inesquecível do ponto de vista negativo.
No começo da noite desta segunda-feira,o diretor de comunicação do Cruzeiro, Valdir Barbosa, emitiu uma declaração em nome da diretoria, que ainda não se pronunciou oficialmente. Barbosa apresentou as condições de Wagner Pires de Sá para a renúncia.
"Ele passou o dia todo em reunião com o Conselho Gestor, o Conselho Fiscal e também com o Conselho Deliberativo, onde ele recebeu uma proposta do presidente do Conselho Deliberativo, Dalai Rocha, da possibilidade de uma renúncia, porque haveria três grandes empresários dispostos a assumir o Cruzeiro. Ele relatou que está disposto a essa renúncia, desde que esses empresários sejam apresentados a ele. E, de repente, será feito como será a entrada no Cruzeiro. Ele simplesmente não vai renunciar, caso esses empresários não venham aqui e se coloquem como gestores do clube, com tudo documentado. Não serve uma coisa de palavra. Realmente, se houver os empresários, ele aceita fazer sua renúncia, desde que todos assumam aquilo que vai ser feito a partir de agora", disse Valdir.
Os dois vices-presidentes do Cruzeiro, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata, que não demonstram vontade de deixar os cargos no clube, não se pronunciaram sobre a pressão e os pedidos de renúncia feitos pela oposição da Raposa e por torcedores.
O conselho gestor proposto será constituído até que as eleições no clube sejam realizadas, provavelmente no primeiro semestre de 2020. A confusão política no Cruzeiro vem se arrastando desde maio, quando vieram à tona denúncias contra a gestão Wagner Pires de Sá e seus aliados, caso do ex-vice de futebol Itair Machado, que já deixou o clube, de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e outros crimes, todos sendo investigados pela Polícia Federal, Ministério Público e Polícia Civil.
Idas e vindas de Wagner
A renúncia da presidência do Cruzeiro sinalizada por Wagner Pires de Sá nesta segunda-feira, 16, é mais um capítulo da instabilidade da atual diretoria que mostra pouca força de contornar a crise institucional da Raposa e sem projetos ou planos de recuperar financeiramente o clube.
Wagner já havia dito que poderia renunciar, mas recuou poucos dias depois, se indispôs com Zezé Perrella, que geriu o futebol nas rodadas finais do Cruzeiro no Brasileiro, mas acabou sendo retirado do cargo pelo presidente, que logos após o rebaixamento do clube, havia garantido que Perrella ficaria para o ano que vem.
A nova possibilidade de renúncia da atual diretoria ganhou força graças a eco da redes sociais com campanhas usando hashtags exigindo a saída de Wagner para que o torcedor volte a ser sócio-torcedor(#SemRenunciaSemSocio), um produto do clube bem debilitado pela má campanha e gestão ruim na Raposa.