A Comissão de Inquérito e Sindicância do Conselho Deliberativo do Santos enviou esta semana aos conselheiros dois pareceres que detalham denúncias e defesa no processo de impeachment
do presidente José Carlos Peres
. Nos documentos o órgão sugeriu o impedimento de Peres na função de presidente por infrações ao estatuto do clube.
Leia também: Presidente do Santos tem nova derrota na Justiça e vive “momento complicado”
No pedido do conselheiro e ex-presidente do CD alvinegro, Esmeraldo Tarquínio Neto, a CIS relatou em 12 páginas a denúncia e a defesa no assunto da empresa de gestão de carreira e venda de atletas, Saga Talent. Os 100 conselheiros que assinaram o pedido alegam que a Saga Talent tinha como sócio, além do atual mandatário, o gerente de futebol de base Ricardo Marco Crivelli, o Lica, afastado do cargo nos primeiros meses de mandato por suspeita de pedofilia.
Além disso os denunciantes citam que a Saga Talent, na pessoa do sócio Cândido Padin Neto “faria jus ao recebimento de parte dos valores recebidos pelo Santos Futebol Clube na negociação do atleta Gabriel Barbosa em venda futura”. Outro ponto evidenciado foi a empresa Peres Sports Marketing Ltda “cujo contrato social em sua constituição era similar ao da Saga Talent”. No processo ainda consta que “o presidente ao vencer as eleições não teria se desincompatibilizado das empresas”.
Na defesa, Peres alega que “não violou o estatuto do Santos pois a empresa Saga Talent encontra-se inativa desde 2013 e que não atuou como agente ou procurador de jogadores”. Peres ainda revelou no documento enviado a CIS que a Saga Talent tem como data de encerramento 2 de janeiro de 2018.
Leia também: José Carlos Peres e a tartaruga: a fábula que assusta e enlouquece a torcida
Você viu?
O parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância deixa claro que, ao avaliar os documentos da Saga Talent, foi “comprovado que a empresa teve baixa na Jucesp em 22 de maio de 2018, ou seja, pouco mais de 5 meses da gestão de Peres, ferindo o estatuto social conforme texto do parágrafo terceiro do artigo 61”.
Confira o parecer encaminhado aos conselheiros
Já o processo encabeçado por Alexandre Santos e Silva teve 34 páginas de parecer da CIS. A denúncia, que contém 73 assinaturas, aponta, com base no relatório trimestral do Conselho Fiscal, que “prestadores de serviço que exercem cargos diferentes das funções especificadas nos contratos de trabalho como, por exemplo, uma empresa Holding de Instituições Não Financeiras onde o proprietário exerce o cargo de gerente de embaixadas e uma empresa de promoções e eventos que presta serviço na gerência de confecção e varejo.”. Na defesa Peres evidenciou que todas as empresas que prestam serviços tem especialidades nas áreas que atuam no clube. A Comissão de Inquérito e Sindicância constatou que José Carlos Peres criou “mais gerencias e cargos executivos que o permitido pelo Conselho Deliberativo e que contratos de trabalhos retroativos foram firmados desde o inicio da gestão”.
Outro fato polêmico que motivou o pedido de impedimento de Peres neste caso foi a contratação do equatoriano Jackson Porozo. Os denunciantes acusam a participação de Lica pela empresa Hi Talent e o recebimento de 30% da comissão na compra dos direitos do atleta. Peres afirma que Lica “não tem participação na Hi Talent e que a empresa intermediou a negociação entre Santos e Manta e que, posteriormente, o Departamento Jurídico se “atentou a proibição do pagamento de comissões, proibição estabelecida pela Fifa, e que realizou o destrato com a empresa Hi Talent para se enquadrar nas normas da entidade máxima do futebol mundial e que o clube arcará, futuramente, com o valor”.
O relatório da CIS, neste caso, aponta divergências na compra dos direitos econômicos do atleta. De acordo com a investigação “o contrato registrado no departamento jurídico assegura a compra de100% dos direitos pelo Santos Futebol Clube pelo valor de 350 mil euros e que não há documentos que comprovem a divisão destes direitos entre o clube brasileiro (50%), o clube equatoriano (20%) e a intermediadora (30%)”.
Na próxima segunda-feira (10), a partir das 20 horas, no Estádio Urbano Caldeira, os 301 conselheiros do Santos estarão reunidos para aprovar ou não os pareceres da CIS. São precisos dois terços para que o processo siga para uma Assembléia Geral onde, neste caso, os sócios ratificam ou não a decisão do plenário.
Leia também: Santos terá que pagar por prejuízos causados em confusão no Pacaembu
Você pode acessar os documentos recebidos pelos conselheiros por aqui: relatório 1 e relatório 2 .