A base do São Paulo sempre foi promissora. Cotia já revelou inúmeros jogadores para o futebol mundial, os mais recentes: David Neres, astro do holandês Ajax, Éder Militão que brilhou no Porto e acaba de fechar por cifras milionárias com o Real Madrid, além de tantos outros garotos que saíram cedo do Brasil.
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Justamente por isso, as joias tricolores de Cotia rendem muito dinheiro ao clube e pouco ganho técnico, já que mal estreiam no time de cima e o São Paulo por necessidade os vende. Há casos em que os jogadores pedem para sair, não sei se isso é um erro dos dirigentes ou ganância dos empresários, mas vem acontecendo no Tricolor com certa frequência.
O vexame na Libertadores
A temporada 2019 começou de verdade para o clube em janeiro, com alguns jogos no Paulista e a decisão da Libertadores contra o argentino Talleres. Sabemos bem o que aconteceu. Curiosamente, o técnico da base no time de cima, André Jardine, ao invés de usar a garotada na pressão, usou os medalhões e deu no que deu.
Não se pode condenar o treinador novato, ele apostou nas cartas marcadas de sempre, só que se deu mal. As cartas que estavam na manga poderiam ter ajudado, apenas Helinho foi usado de forma efetiva, Antony pedia passagem e praticamente não teve chances, entrou poucos minutos contra os argentinos e nada conseguiu fazer.
Claro que no contexto, o maior erro foi do Diretor de Futebol Tricolor , Raí, que apostou num novato que não teve "tamanho" como treinador para apostar na base que ele conhece tão bem; o que é uma grande contradição justificada pelo momento, mas que se tornou um pesadelo em vermelho, branco e preto.
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O momento de crise forte chegou depois do vexame na Liberta e parecia interminável. Um novo treinador foi contratado, Cuca, por questões de saúde não assumiu ainda (deve assumir na semana que vem) e o coordenador, Vagner Mancini, virou técnico interino. Uma salada russa daquelas. Mas mesmo assim, o clube seguiu tentando achar seu rumo nesse começo de ano.
Mancini testou algumas formações, esquemas de jogo (3-5-2 e 4-4-2), Diego Souza foi para o Botafogo carioca, Jean se rebelou e foi afastado no momento mais agudo desse início de temporada. Mais um "mata-mata" em que o São Paulo tenta evitar o "morre-morre"; e como um Oásis no Deserto do Saara , eis que o treinador tem uma inspiração e escala a molecada contra o Ituano.
Profeta no estaleiro e a molecada pedindo passagem
Sem Hernanes (referência maior do time) e outros tantos, Mancini prepara uma surpresa daquelas para os adversários, jornalistas e principalmente torcedores. Aliás, boa parte da torcida já pedia há tempos o uso da base de Cotia de forma insistente, poucos treinadores buscaram esse expediente em momentos difíceis, pensando em preservar os atletas e não queimar nenhum jovem jogador, mas parece que esse é o caminho.
E não é que os “moleques” esmerilharam?! Deram conta do recado, mudaram o jeito do time jogar, a dinâmica passou a fluir e o resultado veio: 2x1 com 2 gols de Igor Gomes (que já pedia passagem e esperou sua oportunidade como se deve, respeitando os colegas) e uma atuação convincente digna de uma verdadeira estreia na temporada.
Além da base de Cotia, Vagner Mancini vem recuperando alguns jogadores do elenco, caso de Everton Felipe, mais um jovem que nos últimos jogos vem se destacando. Pablo parece o “tiozão” da turma aos 26 anos, faz o pivô, abre espaços, tabela, triangula e faz parte de uma engrenagem que pode funcionar muito bem durante o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.
Em recente entrevista ao canal FoxSports, Marco Aurélio Cunha salientou o poder da base tricolor e disse que ela seria a solução dos problemas do clube. Igor Gomes, Antony, Luan, Liziero (que mudou a “meiuca”) e Helinho são o Oásis Tricolor e podem sim, ajudar muito o time.
Se vai passar do Ituano hoje à noite em Itu e garantir a vaga nas semifinais do Paulista, é outra questão, fato é que a base de tudo para o Tricolor em 2019 é usar... a base de Cotia. Os garotos deram um brilho para um opaco em suas ideias e ideais de jogo.
Paca, Tatu... Cotia SIM!
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Dica do Narrador: tome cuidado com os jargões, em excesso, eles tornam sua narração chata, se bem usados e com moderação, criam a sua marca e identificam o seu trabalho.