Um ótimo cozinheiro usa bem os seus utensílios, um verdadeiro Mestre Cuca. Sabe escolher com precisão os ingredientes, faz a combinação perfeita e equilibrada dos sabores e aromas, com o sublime objetivo de satisfazer inteiramente ao cliente. Analisando assim, de maneira simples, parece fácil, na teoria é tudo mais tranquilo, é só seguir passo a passo a receita.
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O Mestre Cuca é um chef renomado, já teve seus trabalhos consagrados, sempre cozinhou com uma pitadinha de um ingrediente que nem todos lançam mão, mas que pode fazer toda a diferença: fé.
Cuca chega ao SPFC, justamente o "Clube da Fé", e vai ter que abrir uma gigantesca Panela de Pressão. Talvez a maior que ele já mexeu na sua carreira, é quase um vespeiro. É marimbondo de tudo quanto é lado: torcedor organizado ou não indignado com a situação do time, conselheiro que reclama e palpita o tempo todo na orelha do incompetente Presidente Leco, que nesse ano já deu uma de agente de turismo, já que não entende nada de cozinha nem de futebol.
Ele promoveu excursão para Córdoba e parece administrar um Resort na Barra Funda onde dizem que o que menos se faz por lá é trabalhar; os hóspedes contam com lazer completo padrão 5 estrelas: piscina, academia, salão de jogos e muito mais.
Leco tem seus escudos e escudeiros, maiores ídolos do clube: já teve Rogério Ceni e Ricardo Rocha, hoje ainda tem Raí e Lugano; e o restaurante tricolor segue com má reputação.
Mestre Cuca além de ótimo chef, vai ter que fazer uma descoberta: existe mesmo panela na cozinha tricolor?
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Se existe uma panela ou mais no time do Morumbi, eu não sei, dizem que há uma e bem pesada. O que sei é que a Panela de Pressão pelos últimos anos de fracassos, essa sim pode explodir a qualquer momento e eu jamais vi um clube vencer um campeonato jogando com tamanha pressão.
A receita salvadora hoje passa em fazer o simples: cada um na sua, funções bem definidas, improvisações só em último caso, analisar com cuidado e critério o elenco e reforçá-lo dentro do possível, lidar habilmente com todas as panelas, se precisar deixar fora de uso algumas delas, colocar no fogo outras tantas. Até uma panela de barro pode ser útil num momento desses. Panela de barro sim, colher de pau também, mas santo do pau oco não! Pelo amor de Deus!
Mestre Cuca vai ter que ensopar o frango, fritar o peixe e assar o porco no rolete, se quiser apresentar à torcida um belo banquete ao final do ano. Para isso vai contar com seus assistentes dentro do restaurante grande e bonito, mas já meio fora de moda, chamado São Paulo Futebol Clube .
O técnico deve assumir a equipe em abril e deixa a entender que pode antecipar a chegada, o que convenhamos, seria uma ótima pedida no cardápio tricolor. Até lá o gerente Vagner Mancini dá as ordens na cozinha, auxiliado pelo cozinheiro e fiel escudeiro, Cuquinha. Ao assumir de vez, o treinador já tem o desafio de arrumar a cozinha e cortar fundo na carne para limpar a área.
O torcedor tricolor só quer saborear um prato apetitoso em algum momento do ano, ou talvez no ano que vem, nem precisa ser nada demais não, um feijãozinho com arroz bem temperado e um "zoiúdo" já tá bom. Melhor mastigar do que ficar na fila e com fome de títulos, mas o torcedor/cliente vai ter que ter paciência (ainda mais?) e de vez em quando visitar em paz a cozinha pra ver se está tudo bem, se está tudo limpo. Ao menor sinal de ratos, tem a obrigação de chamar a Vigilância Sanitária e interditar o restaurante.
Ao Mestre Cuca uma singela receita com carinho: vai café e canja de galinha não faz mal a ninguém, que o digam São Benedito e Jorge Ben Jor.
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