Ontem, quarta-feira, o IG me deu o privilégio de participar do Bate-Bola com o querido narrador Sergio Mauricio, a voz da Fórmula 1 na Band. A propósito, fica a dica: as lives no Youtube no canal do IG estão sensacionais. É um projeto novo do portal, que vale muito acompanhar.
E, além de um privilégio, foi um prazer reencontrar, mesmo que virtualmente, o amigo Serginho, com quem trabalhei no Grupo Globo por nove anos. O papo, nas companhias também do Felipe e da Iza, falou de muitas coisas, não só de automobilismo, e eu transcrevi abaixo alguns trechos. Mas se você quiser acompanhar a íntegra de uma hora da entrevista, é só clicar aqui:
Sergio falou dos bordões, da Globo, do Sportv, da Band, da narração de lutas, de Olimpíadas, enfim, uma viajem pela carreira desse experientíssimo narrador esportivo. Sugestão importante: vale assistir até o fim, quando ele contou um dos 'causos' mais engraçados da história da narração esportiva no rádio.
Só uma coisa me deixou triste. Antes de entrarmos no ar, ele me disse que dificilmente vai narrar Stock Car esse ano, por causa das coincidências de datas com a Fórmula 1. Ele que, nos últimos anos, foi a voz da categoria, me confidenciou que está com saudade do ambiente da Stock. E certamente toda a galera da Stock está com saudade dele.
IG: Como surgiram os bordões "Tá ligado?!" e "No capricho!"?
Sergio Mauricio: O "Tá ligado?!" eu peguei do bordão do carioca. Eu achei que poderia fazer uma saída diferente pro comercial quando usasse o slogan "Sportv, o canal campeão" e aí surgiu o "E aí, tá ligado?! Sportv, o canal campeão". Na primeira vez que eu falei, ninguém prestou atenção. Na segunda, o pessoal do switcher, onde fica o controle da transmissão, achou legal. Até que eu cruzei com meu chefe, ele bateu no meu ombro e falou: "E aí, tá ligado?". Aí vi que o bordão tinha pegado. Sobre o "No capricho!", todos os narradores usam essa expressão e eu só estiquei um pouco: "No capriiiiicho!".
IG: Como está sendo para você, um carioca, do vôlei de praia e do sol, essa mudança para São Paulo?
Você viu?
SM: Fria (risos). Eu me mudei há cinco meses para São Paulo. Eu decidi me mudar, não foi uma imposição da Band, para ficar mais perto da emissora para poder participar de toda a programação do Grupo Bandeirantes de Comunicação: Band, Band Sports e Band News rádio e TV. Eu venho a São Paulo há 35 anos, mas nunca morei. Está sendo muito legal, a cidade finalmente abriu após o lockdown. Eu moro pertinho da Band e estou conhecendo pouco a pouco a cidade, mas continuo com muita saudade da maresia.
IG: Conta para a gente por que você foi proibido de assistir às corridas quando era menor?
SM: Porque aconteceu um acidente com o piloto Roger Williamson, na Holanda, em 1973, quando eu tinha 10 anos. O carro dele explodiu e foi a primeira vez que a transmissão de uma morte no esporte aconteceu na TV. Era uma bola de fogo. Meu pai viu aquilo e me proibiu de ver Fórmula 1. Ele me disse que aquilo não era esporte. Só que eu já gostava de Fórmula 1, o Emerson Fittipaldi já tinha sido campeão. Ai, nos domingos de corrida, eu dizia que ia visitar o meu tio para poder ver as corridas na casa dele. Meu pai logo sacou, viu que eu já tinha pegado o vírus do automobilismo e depois me liberou para ver as corridas em casa.
IG: Você acha que a Band vai conseguir recuperar o protagonismo da Fórmula 1 para o público brasileiro, que vinha se perdendo com a Globo?
SM: A Band está buscando um caminho que tem a ver com seu DNA esportivo. A Globo tratou a Fórmula 1 maravilhosamente bem em todos os anos em que a categoria esteve lá, mas a Fórmula 1 veio perdendo audiência e espaço na programação da Globo. O que a Band está fazendo muito bem agora é trabalhar o produto que ela tem na mão, que batalhou muito para ter, fazendo um grande esforço financeiro e uma aposta de dois anos. A Band reformulou toda a grade e não foi só a Fórmula 1 que a Band adquiriu. A Band está recuperando o DNA esportivo e a Fórmula 1 é a cereja desse bolo de esportes. O tratamento que a emissora está dando à Fórmula 1 está levando-a ao segundo lugar na audiência.
IG: Alguém pode superar as marcas de Lewis Hamilton?
SM: Acho que o Hamilton vai ser o maior piloto da história, ainda falta a ele um título, mas já conseguiu várias outras marcas, batendo todos os recordes da Fórmula 1 de todos os tempos. Quando o Schumacher ganhou sete títulos, pensava-se que seria impossível batê-lo, aí apareceu Sir Lewis Hamilton. Está faltando um título para ele superar o Schumacher, mas esse título esse ano está atravessado na garganta por causa do Max Verstappen. A Red Bull tem o melhor equipamento hoje, é um carro superior ao da Mercedes. Se tem alguém esse ano que pode bater o Hamilton é o Verstappen. Agora, superá-lo, só o tempo dirá.
IG:
Temos algum piloto brasileiro próximo da Fórmula 1?
SM: O Pietro Fittipaldi é o mais próximo, porque já está na Fórmula 1, é reserva na Haas e disputou duas corridas no ano passado, substituindo o Romain Grosjean, que sofreu um acidente. O Felipe Drugovich é o melhor brasileiro na Fórmula 2. Infelizmente, o talentoso Gianluca Petecof deixou a Fórmula 2 por falta de patrocínio. E o Guilherme Samaia ainda precisa de mais maturidade para tentar voos mais altos. Na Fórmula 3, a gente tem o Caio Collet, que também é um talento e pode chegar à Fórmula 1, e o Enzo Fittipaldi, que chegou de última hora na Fórmula 3, assinou com a pior equipe e está lá tirando leite de pedra. Mas todos eles dependem de apoio financeiro.