Milwaukee Bucks, de Giannis Antetokounmpo, não entrou em quadra
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Milwaukee Bucks, de Giannis Antetokounmpo, não entrou em quadra

Os jogadores do Milwaukee e do Orlando Magic não iniciaram o jogo 5 dos playoffs da NBA como forma de protesto contra a violência policial contra negros nos Estados Unidos. A partida estava marcada para às 17h (de Brasília) e nenhum dos times entrou em quadra — o Magic chegou a aquecer, mas voltou atrás quando viu que o adversário não estaria presente. Os comissários da NBA ainda tentam convecê-los a jogar.

Segundo o insider da NBA, Adrian Wojnarowski, a partida não acontecerá. Os Bucks lideram a série por 3 a 1 e, caso vencessem nesta quarta-feira, estariam classificados para a semifinal da Confederência Leste. Este não deve ser o único jogo a sofrer boicote. Os jogadores de Toronto Raptors e Boston Celtics discutem a possibilidade de boicotar o jogo 1 da semifinal, marcado para quinta-feira.

A angústia é pela cena ocorrida na noite de domingo, em Kenosha, no estado americano de Wisconsin: o negro Jacob Blake, de 29 anos, foi baleado com sete tiros à queima-roupa pelas costas por policiais brancos, cena filmada e compartilhada nas redes sociais gerando revoltas. Segundo familiares, Blake está paralisado da cintura para baixo. Wisconsin declarou emergência, depois de prédios e carros serem incendiados.

O caso foi um novo rastilho de pólvora para reaquecer o debate entre atletas, que elevaram o tom.

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— Eu estava muito animado, então todos nós assistimos Jacob Blake levar um tiro. Isso muda o tom das coisas — disse o ala Fred VanVleet, dos Raptors. — Está começando a parecer que tudo o que estamos fazendo é apenas seguir os procedimentos e nada está mudando de verdade. E aqui estamos nós novamente com outro incidente infeliz.

Embora tenha ganhado força nos últimos meses, a discussão racial sempre foi sensível a uma liga alicerçada no talento de jogadores negros, vindos de áreas periféricas dos Estados Unidos ou de outras partes do mundo. Eles sofreram discriminação nas primeiras décadas da liga, criada em 1946, sendo desencorajados a pontuar e usando banheiros e quartos separados. Mesmo os primeiros grandes astros negros, como Oscar Robertson e Bill Russell, não escapavam da hostilidade.

Nesta retomada de uma temporada totalmente atípica, a NBA deu passos inéditos ao estampar mensagens antirracismo e a favor de justiça social em seus espaços mais nobres: as camisas dos jogadores e a quadra de jogo. Os jogadores dos 22 times receberam uma lista com 29 opções de frases para serem usadas na parte de trás do uniforme, em diferentes idiomas: mensagens como Black Lives Matter, Say Their Names (diga seus nomes), I Can't Breathe (eu não consigo respirar), Justice (justiça), Peace (paz), Equality (igualdade), Freedom (liberdade).

O movimento Black Lives Matter ganhou força depois da morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco em maio, em Minneapolis, quando a liga estava paralisada por causa da pandemia. Levar a discussão sobre racismo para a bolha de Orlando foi condição dos jogadores para a volta da temporada – alguns cogitavam nem viajar à Flórida.

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