Na crença popular, a sexta-feira 13 é considerada um sinal de azar , um dia em que as coisas tendem a dar errado e propenso a criação de maldições.
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E nesta sexta-feira 13 , o iG Esporte relembra cinco momentos em que o esporte viveu alguma maldição. Algumas até já foram superadas. Teve praga de técnico, promessa não cumprida e até uma cidade inteira amaldiçoada.
1) Maldição de Béla Guttmann
Uma das mais famosas histórias de maldição no esporte envolve o técnico húngaro Béla Guttmann, que dirigiu, entre outros times, Milan, São Paulo, Peñarol e Benfica. Na sua passagem pelo clube português, Guttmann conseguiu grande sucesso, conquistando, entre os anos de 1959 e 1962, duas vezes o Campeonato Português, a Taça de Portugal e duas edições da Taça dos Campeões Europeus (hoje Liga dos Campeões da UEFA). Os resultados obtidos fizeram que o treinador pedisse um aumento salarial no momento da renovação, o que foi negado pelo clube.
Sem acordo e se sentindo desvalorizado, o húngaro declarou em sua saída uma frase que marcaria a história do Benfica: "Sem mim, nem daqui a cem anos o Benfica conquistará uma taça continental."
O que parecia apenas rancor do técnico se mostrou uma profecia assustadora. Desde então, se passaram 53 anos sem que o clube voltasse a vencer uma taça européia, chegando a oito finais no período e saindo derrotado em todas.
A mais emblemática final aconteceu em 1990, na cidade de Viena, onde está enterrado o corpo do treinador húngaro. O Benfica acreditava que o fato de estar na "presença" do ex-técnico ajudaria a superar a maldição. Na véspera do jogo, Eusébio, o grande ídolo do Benfica, aproveitou a oportunidade para rezar no túmulo do ex-treinador pedindo clemência. As preces de Eusébio não deram resultado e o Milan venceu os portugueses por 1 a 0, com gol de Frank Rijkaard.
Em 2014 o clube fez mais uma tentativa de conseguir o perdão de Guttmann e inaugurou na frente de seu estádio uma estátua em homenagem ao treinador. O resultado foi nova derrota, desta vez para o Sevilla na Liga Europa.
2) Billy Goat e o Chicago Cubs
Imagine a seguinte situação: você chega ao estádio do seu time para ver a World Series, a final da Major League Baseball, e acaba expulso do local por causa do cheiro do seu bode! Uma situação desagradável, não?
Pois foi exatamente isso que aconteceu no jogo 4 da World Series de 1945, quando o Chicago Cubs liderava a série contra o Detroid Tigers por 2 a 1. Seria a chance de o Cubs conquistar o torneio pela primeira vez em 37 anos. Foi quando Willian "Billy Goat" Sianis foi convidado a se retirar pois o cheiro do seu bode estava incomodando os outros torcedores.
Com raiva da situação, Willian gritou: "O Cubs não vai ganhar mais nada!".
Desde então, a equipe de Chicago não conseguiu mais chegar à World Series e amargou um longo jejum sem a conquista do torneio.
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Em 2015, a equipe passou perto de fazer valer uma profecia que acabava com a maldição. No filme "De volta para o futuro II", de 1989, em uma viagem no tempo o protagonista Marty McFly descobre que o Cubs voltou a vencer a World Series no ano de 2015. Na vida real, a equipe de Chicago lutaria, mas ficaria fora da decisão após derrota para o New York Mets na decisão da conferência.
Em novembro de 2016 o time, enfim, foi campeão da MLB e acabou com a espera que já durava 108 anos.
3) Maldição do Melhor do Mundo da Fifa
Ser considerado o melhor jogador de futebol do mundo costuma ser uma honra perseguida por todo jogador. Porém, em alguns casos, a conquista pode se tornar um mau negócio.
Desde que o prêmio foi instituído pela Fifa, em 1991, o jogador que disputou uma Copa do Mundo como melhor jogador eleito pela entidade saiu sem o título e, muitas vezes, como o responsável pela derrota.
A primeira vez que um jogador chegou ao Mundial com o selo da Fifa de melhor jogador foi em 1994. Roberto Baggio fez uma temporada de 1993 perfeita e vinha com bons números, mas apesar de ajudar a Itália a chegar à final, errou o pênalti decisivo contra o Brasil.
Em 1998, foi a vez de o brasileiro Ronaldo, vencedor do prêmio em 1996 e 1997, se tornar vítima da maldição. Apesar de uma boa participação no torneio, Ronaldo se sentiu mal antes da decisão contra a França e se tornou apenas espectador do show de Zinedine Zidane, que marcou dois gols na vitória de sua seleção por 3 a 0.
A Copa de 2002 tinha Luis Figo conduzindo a melhor geração portuguesa desde Eusébio a um Mundial. Porém, a maldição do melhor jogador do mundo recaiu sobre o português, que viu sua seleção ser eliminada ainda na primeira fase com derrotas para os Estados Unidos e para a Coreia do Sul.
Ronaldinho Gaúcho chegou ao Mundial de 2006 na Alemanha com o status de melhor jogador do mundo e como comandante do chamado "quadrado mágico", formado por ele, Kaká, Adriano e Ronaldo. Sem engrenar no torneio, Ronaldinho passou em branco e viu o Brasil perder para a França de Zidane nas quartas de final.
Maior vencedor do prêmio de melhor jogador do mundo, Lionel Messi foi vítima da maldição em 2010. Conduzindo a favorita Argentina, o craque não marcou gols e viu sua equipe ser goleada pela Alemanha nas quartas de final.
Assim como aconteceu com Luis Figo em 2002, Cristiano Ronaldo chegou ao Brasil com a responsabilidade de comandar a equipe de Portugal durante a Copa de 2014. O melhor do mundo sofreu com as péssimas atuações de sua equipe e caiu na primeira fase do Mundial com uma derrota, um empate, uma vitória e apenas um gol marcado.
Durante a Copa de 2018, CR7 era o melhor do mundo. Ele até fez seus gols na primeira fase, incluindo um hat-trick diante da Espanha, mas Portugal caiu diante do Uruguai ainda nas oitavas de final.
4) A maldição de Tilcara
Comandada pelo técnico Carlos Bilardo e pelo talento de Diego Maradona, a seleção da Argentina chegou ao México como uma das favoritas ao título da copa de 1986.
Concentrada no vilarejo de Tilcara, próximo à Cordilheira dos Andes, que possuia uma altitude próxima a que seria encontrada na Cidade do México, a equipe argentina descobriu que na igreja local existia uma imagem da Virgem Maria. Para trazer boas vibrações ao time, o técnico Bilardo levou todos os jogadores, incluindo Diego Maradona, para rezar na presença da estátua. Quando todos estavam ajoelhados na igreja, Bilardo prometeu que se a sua seleção conquistasse o título daquele mundial, toda a delegação argentina retornaria ao local com a taça.
Com uma campanha quase perfeita, a Argentina obteve seis vitórias e um empate em sete jogos, passando por partidas memoráveis contra Inglaterra (em que Maradona contou com "a mão de Deus") e uma vitória contra a Alemanha Ocidental na decisão.
Com o título assegurado, Bilardo e seu elenco desistiram de voltar ao vilarejo de Tilcara com a taça, seguindo direto para a Argentina.
Sem cumprir sua promessa, a seleção da Argentina passou a sofrer com uma maldição em Copas do Mundo, tendo disputado as sete edições seguintes sem conseguir o título. Ainda, destas sete participações, em quatro oportunidades o rival que eliminou a equipe foi a mesma seleção alemã que foi derrotada em 1986.
5) A Maldição de Cleveland
Talvez nenhuma maldição do esporte tenha sido tão representativa quanto a que envolveu a cidade de Cleveland e suas equipes de esportes americanos.
Se somados o desempenho da cidade com o Cleveland Browns na NFL, com Cleveland Indians na MLB e com o Cleveland Cavaliers na NBA, a cidade ficou longas 163 temporadas sem conquistas.
O Cleveland Browns foi campeão do Super Bowl, a final do futebol americano, em 1964 e depois disso vive um jejum de muitos anos sem conquistas, sendo que disputou a final dos anos de 1987 e 1988, ambas perdidas para o Denver Broncos.
Na MLB o jejum é ainda maior. O Indians venceu a World Series de 1948 e desde então permanece longe de qualquer conquista no beisebol. Durante a temporada de 1997, a equipe chegou a liderar o jogo 7 da World Series por 2 a 1, mas viu o Florida Marlins virar o jogo e conquistar o título.
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O Cleveland Cavaliers nasceu em 1970 para representar a cidade também na NBA, mas passou a viver o mesmo sofrimento. A equipe até chegou a disputar algumas finais, mas sempre sucumbia.
Uma das mais doloridas aconteceu na temporada 2014-2015 quando a equipe confiava na volta de LeBron James para quebrar a maldição. Apesar de uma excelente campanha, o Cavaliers viu os seus principais jogadores se machucarem, deixando LeBron sozinho na disputa contra o Golden State Warriors, que conquistou o título depois de 40 anos.
A sexta-feira 13 do Cavaliers acabou em 2016, com o inédito título da NBA sob o comando de LeBron James contra o mesmo Warriors de Stephen Curry.