A procuradoria do STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) denunciou nesta quarta-feira (3), o empresário americano John Textor, dono da SAF que controla o Botafogo, por não apresentar as supostas provas que diz ter envolvendo manipulações de resultados em partidas no Campeonato Brasileiro de 2022 e 2023. Textor será julgado no próximo dia 15. Caso condenado, pode ter que pagar multa de até 100 mil reais e cumprir suspensão por até um ano do futebol.
A denúncia tem como base dois artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): o 220-A, inciso I, e o artigo 223. O primeiro deles cita “deixar de colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva e com as demais autoridades desportivas na apuração de irregularidades ou infrações disciplinares”, com multa de 100 a 100 mil reais.
O segundo diz que “quando o infrator for pessoa natural, a pena será de suspensão automática até que se cumpra a decisão, resolução ou determinação, além de suspensão por noventa a trezentos e sessenta dias e, na reincidência, eliminação”.
No próximo dia 9, Textor será julgado no Pleno do STJD o recurso da procuradoria por outro caso: as falas na derrota por 4 a 3 para o Palmeiras, em jogo considerado decisivo entre as equipes na reta final do último Brasileirão.
Na ocasião, o empresário acusou a CBF de corrupção por supostos erros de arbitragem. Ele foi processado pelo presidente Ednaldo Rodrigues, punido preventivamente, mas posteriormente absolvido pelo STJD.
Em outra investigação, o procurador-geral do STJD, Ronaldo Piacente, deu ao empresário prazo para que apresente provas sobre manipulação nos jogos entre Palmeiras x São Paulo e Palmeiras x Fortaleza, em 2023 e 2022, respectivamente. Se não fizer, ele pode ser novamente suspenso.
O caso
Textor citou em março que as partidas que teriam sido manipuladas nas últimas duas edições da competição nacional. Ele ainda acusou São Paulo e Fortaleza de favorecimento ao rival Palmeiras em cada um dos anos.
As afirmações foram feitas no próprio site do empresário norte-americano. São Paulo e Fortaleza repudiaram as acusações em notas oficiais. Ele ainda dizia que tem gravações de árbitros questionando o não pagamento de propinas combinadas.
As acusações de Textor logo começaram a repercutir no mundo do futebol. Ex-árbitro e hoje comentarista na Record TV, Sálvio Spínola disse que a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) “não pode só emitir nota”.
A Anaf divulgou uma nota assinada pelo presidente Salmo Valentim em que “repudia com veemência as acusações infundadas e totalmente descabidas”.
O Palmeiras também respondeu às alegações sobre interferências na arbitragem do futebol brasileiro. Em nota, o clube alviverde reiterou a intenção de buscar medidas legais nas esferas civil, criminal e esportiva para exigir explicações do empresário e dirigente.
O nome do Palmeiras foi mencionado nas acusações de Textor, que alegou manipulações em jogos dos Brasileiros de 2021, 2022 e 2023, incluindo a vitória do Verdão sobre o Fortaleza por 4 a 0 em 2022. O clube paulista se pronunciou sobre o assunto e prometeu tomar medidas judiciais.
Desde o ano passado, Textor tem colocado em xeque a integridade da arbitragem no Brasil. Em um dos casos, após perder para o Palmeiras de virada, o dono do Botafogo sugeriu a existência de corrupção no Campeonato Brasileiro.
Naquela altura, o Botafogo viu uma diferença de 14 pontos para o Palmeiras derreter ao longo das rodadas finais. O Verdão terminou como o campeão da temporada, enquanto o Glorioso ficou com a quinta colocação.
Textor assumiu o controle da Sociedade Anônima do Futebol do Botafogo em março de 2022. Quase um ano e meio depois, após a derrota de virada para o Palmeiras, no segundo turno do Brasileirão, começaram as primeiras acusações contra a arbitragem no país. Desta vez, o empresário norte-americano disse haver mais provas de corrupção.
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