Uma revelação feita por André Pinelli, médico oficial da Conmebol, pode trazer à tona uma falha no atendimento ao zagueiro Juan Izquierdo, que morreu na última terça-feira (27). Segundo o responsável pelos atendimentos da entidade sul-americana, os profissionais de saúde que atenderam o jogador no campo não utilizaram o DEA (Desfibrilador Externo Automático). A declaração foi dada ao Uol.
De acordo com Pinelli, a interpretação dos médicos que prestaram o atendimento a Izquierdo foi de que o zagueiro teve um problema relacionado ao quadro neurológico, e não cardíaco. Além disso, acrescentou que os procedimentos de parada cardiorrespiratória não foram iniciados pois “o atleta respirava e tinha pulso”.
“Quando se vê a queda, você vai para o campo como se fosse uma parada cardíaca. Por isso que tudo é muito rápido. Chegando em campo, você faz o diagnóstico se é ou não. Não é em todo mundo que você vai aplicar o choque (com desfibrilador)”, relatou, antes de completar:
“Quando você vê uma pessoa com um quadro convulsivo, você tem duas situações, ou é cardiológico ou neurológico, se a pessoa tem pulso e respiração, você não tem como, no momento exato, saber se é cardiológico ou não, então quem comanda a decisão é o médico da equipe. Ele não teve uma coisa lenta. Ele teve uma coisa rápida, que a gente chama de convulsão tônico-clônica. É um outro quadro clínico”.
Ação no atendimento a Izquierdo não seguiu diretriz do manual da Fifa
Porém, a postura do médico oficial da Conmebol não corresponde ao que recomenda o manual de emergências médicas da Fifa. De acordo com o documento da entidade máxima do futebol, “qualquer jogador que desmaie ou sofra um colapso, sem ter tido qualquer contato com outro jogador ou com a bola em movimento, deve ser considerado como sofrendo de PCS (parada cardíaca súbita)”. No momento em que caiu no gramado, Izquierdo não havia jogadores por perto e ele estava longe de onde estava a bola.
O manual da Fifa destaca, em suas orientações práticas, que “não se deve esperar o fim da respiração do paciente para iniciar o procedimento com DEA”.
Veja o que diz o protocolo:
Respiração normal inicial deteriorando-se em respiração ofegante e/ou lenta, agonal ocorrerá nos primeiros minutos após a PCS (parada cardíaca súbita) e não deve ser interpretada como respiração normal. Após 60-90 segundos, toda a respiração geralmente parará. Não espere que isso aconteça antes de começar a aplicar ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e um desfibrilador externo automático (DEA).
Atividade lenta semelhante a uma convulsão se apresentando como movimen uma convulsão se apresentando como movimentos involuntários de braços e pernas. Portanto, qualquer jogador que tenha um colapso sem contato com essa atividade lenta semelhante a uma convulsão deve ser considerado como sofrendo de PCS e isso NÃO deve ser confundido com uma convulsão.
Durante os primeiros socorros, os médicos teriam diagnosticado uma convulsão intensa em Izquierdo, semelhante a uma crise epiléptica. Esse tipo de convulsão possui duas fases: perda de consciência, que dura cerca de 10 a 20 segundos, seguida de contrações musculares intensas, que costumam durar menos de dois minutos
Em todas as partidas organizadas pela Conmebol, duas ambulâncias de alta complexidade, conhecidas como UTI móveis, são disponibilizadas. Há também dois DEAs disponíveis para uso no gramado.
Morte de Juan Izquierdo
Juan Izquierdo morreu na terça-feira (27), após passar quatro diais no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O zagueiro passou mal durante a partida entre São Paulo e Nacional (URU), pela Libertadores, no Morumbis, no dia 22. Na ocasião, ele caiu no gramado logo após sofrer uma parada cardíaca.
De acordo com o boletim médico, Juan faleceu em decorrência de morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca. O enterro do zagueiro ocorreu na quinta-feira (29), no Uruguai.
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