Interdição de São Januário gera indignação em várias frentes
Redação Jogada10
Interdição de São Januário gera indignação em várias frentes

Mesmo após a decisão da Justiça, que permitiu ao Vasco jogar no Maracanã contra o Atlético-MG, neste domingo (20) , o clube ainda está impedido de atuar em São Januário. Embora já tenha cumprido a punição de quatro jogos sem jogar em casa, estipulada em julho pelo STJD, o clube precisa obedecer a uma ação que segue interditando o estádio, o que levanta polêmica entre dirigentes, torcedores e figuras políticas.

O CEO da SAF vascaína, Lúcio Barbosa, falou à ESPN nesta quinta, classificando como ‘absurda’ a decisão e, sobretudo, repudiando a declaração do juiz Marcello Rubioli, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos. Ele classificou São Januário como um local inseguro e citou a favela da Barreira do Vasco como “um local de tráfico de drogas e disparo de arma de fogo”. O dirigente saiu em defesa de São Januário.

São Januário não recebe jogos desde 22 de junho – Foto: Reprodução

“É claro que a gente se incomoda quando falam que São Januário é perigoso, o Vasco cresceu com a Barreira. Frequento a Barreira desde moleque e nunca aconteceu nada comigo. Acontecem coisas? Acontecem, assim como em todo o Rio de Janeiro. Mas acabar com público em um estádio é muito delicado quando se fala que os arredores são perigosos”, disse, garantindo que o Vasco logo jogará novamente no estádio:

“Acreditamos que o melhor será feito, por isso mesmo queremos abrir São Januário e iremos abrir. Jogamos no ano passado inteiro com todos os jogos lotados, nesse ano também e em nenhum deles teve confusão. Isso não impede que a torcida volte. Não tem nada a ver com arredores, nada a ver com a Barreira. Mas estamos falando de 20 mil famílias impactadas sem o público no estádio”.

Vereadores repudiam fechamento do estádio

E a repercussão das falas do juiz foi tão negativa que até a Câmara Municipal de Vereadores do Rio de Janeiro se pronunciou. Nesta quinta (17), a Casa aprovou uma moção de repúdio à interdição de São Januário, de acordo com proposta do vereador Pedro Duarte, (NOVO). Ao todo, 26 vereadores assinaram a moção.

Pedro afirma que a mobilização é necessária devido à importância do estádio, não só para o Vasco, mas para o futebol carioca como um todo. Ele também ressalta que o clube já cumpriu a punição estipulada pelo STJD, o que deveria, portanto, fazer com que os jogos voltassem a acontecer no estádio, inclusive com presença de público.

“Simbólico, mas necessário nessa mobilização. É absurdo que a torcida não possa usar seu próprio estádio. A pena do STJD já foi cumprida, acabou. Moção Coletiva de Repúdio à interdição de São Januário aprovada na Câmara! #LiberemSãoJanuário”, escreveu o parlamentar, em suas redes sociais.

Decisão do juiz gerou repúdio de moradores locais

A bem da verdade, a decisão de Marcello Rubioli é ainda de julho, logo após o jogo contra o Goiás, que terminou em confusão. Foi após este despacho, feito junto ao Ministério Público, que o estádio acabou interditado. Entretanto, a divulgação recente do texto repercutiu negativamente. O próprio Vasco emitiu nota dizendo que “o estádio (…) e as comunidades localizadas no seu entorno vêm sendo alvo de ataques preconceituosos e elitistas”.

“Uma tristeza e a certeza de que ainda existe preconceito e racismo por uma favela. Vem conhecer no dia dos jogos para ver. Não tem essa criminalidade, essa violência que colocaram para gente. A favela é de paz”, disse Vânia Rodrigues da Silva, presidente da associação de moradores da Barreira do Vasco, apontando ainda a insatisfação de comerciantes locais pela falta de jogos no estádio.

Em entrevista à TV Globo, o juiz Marcello Rubioli lembrou que proferiu a decisão há mais de um mês, mas que estava unicamente preocupado com a segurança dos torcedores. Por outro lado, afirmou que o trecho de sua decisão, relativo à Barreira do Vasco, foi tirado de contexto.

“Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vê-se que todo o complexo é cercado pela comunidade da Barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado, o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio. São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio”, escreveu o juiz, na altura.

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