No último sábado (24), o Atlético-MG foi derrotado por 2 a 0 pelo Fluminense, pela vigésima quarta rodada do Campeonato Brasileiro, no Mineirão. Para além do baixo rendimento do time de Gabriel Milito, outro fato negativo chamou atenção na derrota para os cariocas. Gritos homofóbicos foram entoados contra o goleiro Fábio quando ele cobrava os tiros de meta.
Com um longo histórico de rivalidade entre os atleticanos e Fábio, que jogou pelo Cruzeiro por quinze anos, era de se esperar que ele fosse recepcionado de maneira ríspida na volta ao Mineirão, em jogos contra o Galo. Mas os gritos de ‘bicha’ entoados por parte da torcida e direcionados ao goleiro, sempre que ele cobrava os tiros de meta, ultrapassaram os limites do aceitável.
A homofobia além de causar danos psicológicos profundos em quem sofre a discriminação, é crime. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo. Por isso, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) adotou um sistema de punição para quando ações discriminatórias acontecerem nos estádios de futebol. A partir disto, atitudes homofóbicas como o grito de ‘bicha’ no tiro de meta se tornou passível de punição ao custo de até três pontos na tabela.
O Atlético-MG, em resposta ao ocorrido no Mineirão, emitiu nota repudiando a homofobia e dando um recado aos infratores.
— No time de todos, não cabe qualquer espécie de discriminação — publicou o clube.
Não é a primeira vez que parte da torcida atleticana entoa gritos discriminatórios. Durante o Campeonato Mineiro deste ano, um episódio semelhante já havia acontecido. Os mesmos gritos foram entoados contra Rafael Cabral, então goleiro do Cruzeiro, em clássico na Arena MRV. O clube foi denunciado e julgado sob risco até de exclusão do campeonato. No fim, foi punido com multa de quarenta mil reais.
Racismo
Na vitória sobre o San Lorenzo-ARG e classificação para as quartas de final da Copa Libertadores da América, na quarta-feira (21), a torcida atleticana havia preparado um mosaico em combate ao racismo. Com os dizeres ‘No to racism’, em inglês, que quer dizer ‘Não ao racismo’, a ação era uma resposta ao episódio que aconteceu no jogo de ida, no El Nuevo Gasómetro. Na ocasião, uma criança e um adulto cometeram racismo ao imitar gestos de macaco em direção à torcida atleticana.
Ironicamente, no jogo de volta, após o mosaico, a partida e a classificação, um torcedor atleticano também foi flagrado fazendo gestos racistas em direção à torcida argentina, na Arena MRV. O vídeo do episódio foi compartilhado nas redes sociais por um dirigente do San Lorenzo que cobrou ações da Conmebol.
— Conmebol, isso não é racismo? Esperamos o mesmo tratamento e sanções impostas ao clube do qual sou secretário até hoje. Filmado a partir do box cedido por Atlético Mineiro — escreveu Pablo García Lago, secretário-geral do San Lorenzo.
Depois do ocorrido, o Galo prontamente emitiu uma nota de repúdio às atitudes racistas, afirmando não admitir condutas do tipo. Relembrando o mosaico erguido pelos torcedores e reafirmando a necessidade de um posicionamento antirracista.
— A Arena MRV é lugar de respeito e igualdade, a exemplo do belíssimo mosaico feito ontem pela Massa com os dizeres ‘NO TO RACISM’. Racismo é crime! Não basta não ser racista, é preciso ser Antirracista!’ — enfatizou o clube.
Na nota, O Atlético-MG também prometia identificar o infrator em conjunto com a inteligência das polícias de Belo Horizonte e aplicar sanções cabíveis ao episódio. Se tratava de um menor de idade que está proibido de frequentar a Arena MRV por 180 dias e o responsável legal por ele foi excluído do quadro de sócios do clube.