Assim como vários outros atletas, Gabriel Medina foi para Paris com um único objetivo: trazer uma medalha dos Jogos Olímpicos na bagagem. Mas a luta para essa conquistou começou anos atrás, ainda em Tóquio.
À época, o brasileiro também parou na semifinal, em derrota amarga para o japonês Kanoa Igarashi, que gerou polêmicas entre os juízes e o povo brasileiro. Quando desembarcou em Paris, Medina trouxe esse sentimento e também o desejo de recuperar o que perdeu anos atrás.
“Eu sou um homem em uma missão”, definiu Medina enquanto lutava pela classificação olímpica em março, durante o ISA Games realizado em Porto Rico.
Revanche e o drama da semifinal
Durante a competição, Gabriel Medina demonstrou seu melhor surfe em uma variedade de condições. Nas quartas de final, ele se reencontrou com o japonês Kanoa Igarashi em uma bateria memorável, uma revanche dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Medina fez história ao surfar tubos perfeitos, cujas imagens, que se tornaram virais globalmente, contribuíram para que ele ganhasse mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais.
Na semifinal, em uma bateria com poucas ondas, o brasileiro foi derrotado pelo australiano Jack Robinson. Robinson, que havia vencido Gabriel Medina na final da Liga Mundial de Surfe em Teahupo'o, em 2023, havia bloqueado a chance de Medina garantir uma vaga olímpica naquela ocasião.
“Eu queria muito estar aqui. Era meu objetivo vindo para cá. Claro que eu queria estar na final, mas tivemos uma outra oportunidade de ir para cima do bronze e não quis deixar escapar. Tóquio foi uma semifinal que ficou na minha cabeça. Eu falei, 'Pô, de novo não'. Essa medalha tem que ir para casa. Fico feliz de ter conquistado, veio mais onda, tive mais oportunidade e graças a Deus conseguimos conquistar o bronze”, detalhou Medina.
O amor da família como aliado
Os Jogos Olímpicos de 2024 foram também um momento de recomeço para Gabriel e seu padrasto Charles, que reassumiu o papel de treinador após ter sido uma figura fundamental ao longo de grande parte da carreira de Medina. A parceria, crucial para muitos dos sucessos e títulos, foi retomada com grande impacto durante o evento.
“Meu padrasto aqui me ajudou bastante e estou muito orgulhoso. Como eu falei, esse meio ano eu só pensava nisso. Agora, finalmente, conseguimos a medalha, posso ir para casa sabendo que minha família está orgulhosa de mim. Mandar um beijo também para todo mundo que torceu, o Brasil inteiro. Sou apaixonado pelo nosso país, independentemente de qualquer coisa. Fico feliz de ter levado uma medalha para nós. Fico feliz de deixar a galera orgulhosa. Sei que minha mãe está em casa, o Charlão chorou aqui. Então, vendo de perto, sei o quanto significa, sabe? E fico feliz de deixar os outros felizes e estou feliz com a minha performance. Dei o meu melhor”, vibrou o surfista.
O caminha duro para o passaporte olímpico
Gabriel Medina
se dedicou intensamente para alcançar os Jogos Olímpicos.
Em 2023, ele esteve muito perto de garantir uma das vagas olímpicas, mas a derrota para no Circuito Mundial em Teahupo’o adiou esse sonho. Com uma última oportunidade disponível, Medina
sabia que seu sucesso dependia não apenas de seu desempenho individual, mas também de um esforço coletivo.
No ISA Games em Porto Rico, após uma longa jornada, ele conquistou o título de campeão individual. No entanto, o passaporte olímpico foi garantido com a vitória do Brasil no título por equipes, contando com as contribuições essenciais de Filipe Toledo e Yago Dora.
Missão cumprida: medalha olímpica no peito
Durante a campanha olímpica em Teahupo’o, sua onda preferida, Gabriel Medina venceu todas as baterias que disputou e alcançou a maior nota do evento com um impressionante 9,90, acompanhada por uma foto que se tornou viral globalmente. Esse resultado concretizou o principal objetivo de Medina para o ano e coroou uma carreira já ilustre, marcada por três títulos mundiais (2014, 2018 e 2021) e 18 troféus de etapas da elite do surfe.
“Os Jogos Olímpicos são o maior palco de esporte que podemos ter no mundo. E agora eu sou medalhista. É muito difícil. Eu sei o quanto trabalhei. Eu sempre assisto esportes em geral e sei o quanto é difícil. Então, fico feliz de ter sido um desses caras, um desses três que podem ganhar medalha no surfe masculino. Como falei, dei o meu melhor, não queria deixar passar mais uma oportunidade porque Tóquio foi muito perto”, afirma.
Gabriel Medina destacou o poder unificador das Olimpíadas, afirmando que elas não apenas aproximam nosso país, mas o mundo inteiro. Ele expressou o desejo de que esse espírito de união perdure e que o Brasil continue a valorizar seus atletas.
"As Olimpíadas unem não só nosso país mas todo o mundo. Que esse senso de união continue sempre. E que o Brasil possa valorizar cada vez mais nossos atletas. É o Brasil da Bia, da Rebeca, da Rayssa, da Tati, do Hugo Calderano e centenas de outros que são exemplos de determinação, superação e resiliência. Vai Brasil!", celebrou.
Veja abaixo galeria de fotos do surfista Gabriel Medina:
