A menos de um ano da nova data dos Jogos de Tóquio -2020, as opiniões se dividem quanto à realização do evento marcado para começar no dia 23 de julho de 2021 em meio à pandemia do novo coronavírus. Do lado dos organizadores, a confiança é repassada a cada entrevista e cancelamento é palavra proibida. Da população japonesa e da capital, o momento é de ceticismo: menos de 25% dos japoneses acreditam que a cidade poderá sediar a Olimpíada .


Tóquio se prepara para Olimpíada
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Tóquio se prepara para Olimpíada


Para reafirmar o otimismo na manutenção dos Jogos – um adiamento para 2022 não seria viável, segundo o COI –, o Comitê Organizador Local disse que o evento ocorrerá mesmo que a pandemia não esteja mundialmente controlada. Só o custo pela mudança de data já soma mais de US$ 800 milhões (mais de R$ 4 bilhões).

Os organizadores tentam garantir que haverá segurança para atletas, autoridades e público mesmo nessa situação. Já divulgaram, inclusive, que farão uma versão mais simples do evento sempre grandioso.

– Podemos, juntamente com o Comitê Organizador, transformar esses Jogos Olímpicos de Tóquio em uma celebração sem precedentes da unidade e solidariedade da humanidade, tornando-os um símbolo de resiliência e esperança. Mostrando que somos mais fortes juntos — disse o presidente do COI, Thomas Bach, em mensagem durante o evento que marcou a contagem regressiva de um ano para os Jogos, na quinta-feira.

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Já o pessimismo dos japoneses se apega ao momento. Em todas as pesquisas de opinião realizadas recentemente, a maioria não acredita que os Jogos acontecerão no ano que vem. A última delas, encomendada pela agência Kyodo News e divulgado no último domingo, aponta que mais de 70% defende um novo adiamento (36,4%) ou o cancelamento total (33,7%).

A pesquisa foi feita na semana em que o aumento do número de casos em Tóquio tem ficado acima dos 200 diariamente. Ontem, bateu o recorde com 366 novos registros. Os óbitos, no entanto, não passam de mil. Mesmo assim, a prefeitura da capital pediu à população que se mantenha em casa e a cidade foi retirada do programa federal de incentivo ao turismo. E, no momento, as fronteiras do país estão com algumas barreiras.

Porém, a realização dos Jogos Olímpicos não depende apenas da situação japonesa, uma vez que tanto o comitê quanto o COI não pretendem fazer uma Olimpíada sem público. Para esta edição, estimam-se mais de 12 mil atletas, de mais de 200 países e cerca de 300 competições. O Rio-2016, para se ter um exemplo, recebeu mais de 400 mil turistas estrangeiros no período.

No momento, a previsão da OMS, caso as vacinas em testes sejam eficazes, é de que a imunização das pessoas só começaria no ano que vem. Mesmo assim, a vacinação não contemplará todo mundo simultaneamente. Além dos Jogos em si, as modalidades ainda precisam realizar alguns torneios classificatórios.

– A infecção aumentará se avançarmos com as Olimpíadas e as mantivermos – afirmou à Reuters Daiichi Morii, médico da equipe de controle de infecções do Hospital da Universidade de Osaka.

Do ponto de vista econômico, especialistas também discordam da realização dos Jogos Olímpicos. Acreditam que o momento vivido pelo mundo por causa da pandemia não vai trazer o retorno financeiro esperado. Seria mais vantajoso para o país cancelar definitivamente o evento.

– Acredito que pode demorar cerca de três anos para a economia se recuperar. As pessoas podem ser desencorajadas a gastar após as consequências da pandemia – disse a economista Hiroko Ogiwara ao site japonês "Nikkei Sports".

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